Tendo chegado a estar preso na cadeia política do Aljube, em Lisboa, durante dois meses, a indigitação para o cargo de Ministro do Ultramar surpreendeu muita gente, mas o facto é que Adriano Moreira passou a rever-se no regime deposto, embora mantendo nele uma posição mais liberal que a dos chamados "falcões".
Esteve durante dois anos no cargo, demitiu-se quando Salazar o persuadiu a mudar as políticas públicas que tinha adotado no Ministério do Ultramar.
Respondeu: "Como não posso mudar as políticas, V. Exa. terá de mudar de Ministro".
Com o advento da revolução de 25 de Abril, Adriano Moreira foi presidente de um dos partidos fundadores da democracia em Portugal, o CDS, vice-presidente da Assembleia da República, conselheiro de Estado, membro da Academia das Ciências de Lisboa e até aos seus últimos dias manteve, com grande lucidez, a defesa e o aprofundamento das relações com os países e povos de língua oficial portuguesa.
Nesse sentido foi defensor e impulsionador da criação da UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa -, que veio a ser fundada em 1985, sendo presidente da Câmara Municipal de Lisboa o engenheiro Kruz Abecassis, também ele quadro e responsável do CDS.
Por esta acrescida razão, não poderia deixar de, neste artigo, relembrar o Professor Adriano Moreira, tanto mais que decorreu no passado dia 27 do corrente mês, em Lisboa, a XXXVIII Assembleia-Geral da UCCLA, em que estiveram presentes representantes das cidades associadas da UCCLA, entre elas Luanda, Cazenga e Belas, de Angola.
Angola é, neste momento, quem preside à Assembleia-Geral da AUCCLA e daí o facto de essa Assembleia-Geral ter sido presidida pelo Governador da Província de Luanda, Manuel Gomes da Conceição Homem.
Como é sabido, a anterior presidente da Comissão Administrativa da capital de Angola, Maria Antónia Nelumba, que exerceu com zelo, eficácia e grande profissionalismo a presidência da Mesa da Assembleia-Geral da UCCLA, foi nomeada governadora do Bengo, merecendo, por isso, o nosso reconhecimento com o desejo dos maiores sucessos na sua nova função.
A XXXVIII Assembleia-Geral da UCCLA elegeu a nova Comissão Executiva que passará a ser presidida pela Câmara Municipal de Lisboa, sendo seus vice-presidentes os municípios de Cascais, Díli, a Associação das Universidades de Língua Portuguesa e Luanda, passando a assegurar a presidência da Mesa da Assembleia-Geral a cidade de Maputo e presidindo ao Conselho Fiscal a empresa Águas de Portugal (AdP). Os demais municípios que compõem o elenco da Mesa da Assembleia-Geral e do Conselho Fiscal são de capitais dos países de língua portuguesa.
O autor do presente artigo foi proposto e eleito para o novo mandato de dois anos como secretário-geral.
O Plano de Atividades futuro prevê o reforço da aproximação das cidades associadas da UCCLA em objetivos concretos, particularmente nos domínios da formação profissional e na interacção com instituições públicas e privadas para aprofundamento das relações dos munícipes das cidades associadas e, por elas, com os povos e países de língua portuguesa, objetivo tão importante quanto é certo isso ocorrer numa altura em que Angola preside à CPLP. *(Secretário-geral da UCCLA)