As causas desta epidemia são multifacetadas e complexas. As más condições das viaturas, com veículos antigos, mal conservados e com manutenção deficiente, representam um risco iminente para todos os utilizadores das vias. A rede rodoviária, marcada por buracos, falta de sinalização e ausência de manutenção adequada, contribui significativamente para o aumento dos acidentes. O excesso de velocidade, a condução sob o efeito do álcool e a falta de respeito pelas regras de trânsito são outros factores que agravam o problema. Cimentam os acidentes de viação como a segunda causa de mortalidade em Angola, somente superada pelo paludismo. Pelo menos é esta a informação que é passada.
O recente acidente de uma embarcação na Ilha de Luanda veio somar-se a este quadro alarmante, demonstrando que a segurança não se restringe às estradas. A falta de fiscalização e a negligência na manutenção das embarcações são factores que colocam em risco a vida de muitos angolanos. Com a perda de valores e a incapacidade de distinguir os comportamentos inadequados, reprováveis dos bons, a situação exige medidas rigorosas.
Diante deste cenário, a sensibilização da população se torna fundamental. É preciso consciencializar os condutores e os passageiros sobre os riscos da imprudência no trânsito e a importância de adoptar comportamentos seguros. Campanhas educativas, realizadas em escolas, comunidades e meios de comunicação, podem contribuir para mudar a cultura de condução no País.
A formação de condutores também merece destaque. É preciso investir em cursos de formação mais rigorosos e exigir a actualização regular dos conhecimentos dos condutores. A facilidade com que se obtém uma carta de condução "passando" por testes facilitados só vai perpetuar esta crise que afecta famílias e também a economia. Esta crise afunda a vida.
A penalização dos infractores é uma medida indispensável para coibir as condutas irresponsáveis. As autoridades devem intensificar a fiscalização e aplicar as leis de trânsito com rigor, impondo multas elevadas e a suspensão do direito de conduzir aos infractores. Fechar os olhos não vai resolver nada. Todos devem dar o seu exemplo, mas um exemplo positivo. Somente assim será possível transformar as nossas estradas e as nossas águas em espaços mais seguros para todos.
Sorriso Crónico: Os Nossos Titanics
Enfrentamos uma crise silenciosa, marcada por uma série de tragédias nas nossas estradas e, mais recentemente, nas nossas águas. A cada dia, somos confrontados com notícias de acidentes de viação que ceifam vidas de forma trágica, transformando as nossas estradas em verdadeiros "Titanics" do século XXI. A gravidade da situação exige uma reflexão profunda e a adopção de medidas urgentes para inverter este cenário. Não podemos ficar apenas pelas marchas, essas marcam as pautas jornalísticas, mas não poupam vidas.