Onofre dos Santos, Director-geral das primeiras eleições em Angola, jurista e Juiz Conselheiro Jubilado do Tribunal Constitucional (TC), faz uma fotografia ao pleito eleitoral de 1992. Recorda que as eleições foram o preço ajustado entre o MPLA e a UNITA, para o cessar-fogo e se alcançar a paz. Nega que as eleições de 1992 foram ensombradas por fraude, mas por não terem sido aceites resultados. Onofre dos Santos deixa, também, "palpites" sobre as eleições de 2027: "Cada mesa de voto só pode recolher o máximo de 500 votos. É o apuramento mais fácil porque é visual e palpável".

O País completa 33 anos desde que realizou as primeiras eleições. Que avaliação faz do partido único para o multipartidarismo?

Em 1991, o País concluiu uma transição do regime de partido único e de planificação da economia, segundo um modelo marxista-leninista para um regime aberto aos partidos políticos que logo emergiram em grande número e de abertura à iniciativa privada e aos mercados. Foi uma mudança quase tão extraordinária como a transição de colónia a país independente em 1975. No entanto, as eleições vieram a legitimar no exercício do poder o mesmo partido político que governava desde a independência, mantendo-se o pendor fortemente presidencialista que se foi definindo em sucessivas revisões constitucionais nos primeiros anos da Independência e ainda hoje é timbre do nosso sistema político-constitucional. Esta realidade política faz que o novo período se pareça tanto com o antigo, como se um fosse um reflexo do outro.

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