João Lourenço, no discurso feito por ocasião da cerimónia de tomada de posse das novas chefias militares, com destaque para o novo Chefe de estado-Maior General das FAA, general António de Sousa Santos, que substitui Geraldo Sachipengo Nunda no cargo, pediu que as chefias militares se coloquem na linha da frente do combate que o seu Governo está a travar pelo "resgate de valores" na sociedade angolana, pedindo-lhes, para o efeito, que mantenham a "cabeça sã".

Alias, a questão da moralização da sociedade angolana foi "a missão" que o Presidente João Lourenço incumbiu aos militares.

"A missão" ordenada pelo Comandante-em-chefe das FAA "é a de trabalharem para garantir este nosso desejo" de moralizar e resgatar os valores de que a sociedade angolana carece "e só com uma cabeça sã conseguimos cumprir com os objetivos que nos propusemos alcançar e conseguiremos cumprir com o papel que a constituição e a lei confere às FAA".

Esta incisiva declaração de João Lourenço surgiu escassas horas depois de ter exonerado o general Geraldo Sachipengo Nunda do cargo de CEMGFAA, nomeando para o seu lugar o general António Egídio de Sousa e Santos, até aqui chefe do Estado-Maior General-adjunto das FAA para a área de Educação Patriótica.

A decisão foi tornada pública através de uma nota da Casa Civil do Presidente da República, e surge cerca de um mês depois de a Procuradoria-Geral da República ter anunciado a constituição do general Nunda como arguido, no âmbito de uma investigação sobre um falso fundo de investimento de 50 mil milhões de dólares.

Segundo a mensagem, o novo chefe do Estado-Maior das FAA, que até aqui ocupava o cargo de chefe do Estado-Maior General-adjunto das FAA para a área de Educação Patriótica, foi promovido ao grau militar de general-de-exército, em decorrência da nomeação.

Ainda na cúpula das FAA, João Lourenço exonerou José Luís Caetano Higino de Sousa, do cargo de chefe do Estado-Maior General adjunto para a área operacional e de desenvolvimento, que passa a ser exercido pelo general Geraldo Abreu Muengo Ukwachitembo "Kamorteiro", que deixa o cargo de vice-chefe do Estado-Maior General para a Logística e Infra-estruturas.

André de Oliveira Sango deixa direcção do Serviço de Inteligência Externa

Para além das mexidas nas FAA, João Lourenço impôs mudanças no Serviço de Inteligência Externa, determinando a saída do director-geral, o tenente-general André de Oliveira João Sango, que estava em funções desde 2012.

Oliveira Sango será substituído por José Luís Caetano Higino de Sousa, que sai do cargo de chefe do Estado-Maior General adjunto para a área operacional e de desenvolvimento.

As remodelações hoje anunciadas pela Casa Civil do Presidente da República visam também os generais Marques Correia e Matias de Lima Coelho. O primeiro deixa a posição de 2.º Comandante do Exército para se tornar inspector-geral da Defesa Nacional, cargo que estava entregue a Matias de Lima Coelho, que, por sua vez, transita para Chefe do Estado-Maior do Exército.

Numa segunda-feira particularmente activa, o Chefe de Estado procedeu ainda a várias mexidas na Casa Militar e na Unidade da Guarda Presidencial, sobretudo para "rearrumação de peças".

Por exemplo, o brigadeiro António Milagre Roque Alves de Lima sai do cargo de Chefe dos Serviços de Saúde da Casa Militar para ocupar o de Chefe do Gabinete de Saúde da Casa de Segurança do Presidente da República.

Irmão do PR vai garantir a sua segurança

O Chefe de Estado, João Lourenço, nomeou , no mesmo espaço de tempo, o general Sequeira João Lourenço, seu irmão, para chefe-adjunto da Casa de Segurança do Presidente da República.

Sequeira João Lourenço transita da Casa Militar, onde estava colocado como secretário executivo.

Apontado como próximo do general Manuel Hélder Vieira Dias, "Kopelipa", o novo chefe-adjunto da Casa de Segurança do Presidente da República foi promovido a general pelo ex-Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, pouco antes de o mesmo deixar a Cidade Alta.

Para além das ligações ao poder político, Sequeira João Lourenço move-se no mundo dos negócios, tendo fundado a companhia aérea SJL Aeronáutica Limitada, que continua a dirigir.

A empresa foi constituída em 2010 com um capital social de 10 milhões de kwanzas e opera voos comerciais no interior do país.

Para além do transporte aéreo de passageiros e carga, da prestação de serviços, treino e ensino, manutenção e reparação aeronáuticos, a firma tem como objecto social, publicado em Diário da República, o exercício de consultoria aeronáutica, representações comerciais, gestão de empreendimentos, prestação de serviços, hotelaria e turismo, agência e transitários, importação e exportação, táxis aéreos, fotografia aérea, comércio geral, venda comissionada ou intermediação de passagens individuais ou colectivas, agência de viagens e turismo.