As detenções dos deputados Francisco Fernandes Falua e João Quipipa Dias aconteceram este domingo 16, quando participavam numa manifestação pacifica para exigir que as autoridades investiguem casos de assassinatos, com celeridade e prioridade.

"Nos últimos dias, no exercício das suas funções, os deputados tiveram reuniões com o governador provincial e solicitaram esclarecimentos à PGR para encorajar as autoridades competentes a investigar os constantes assassinatos de cidadãs nas suas lavras", diz um comunicado do Grupo Parlamentar da UNITA.

De acordo com o documento, só nos últimos 12 meses, a província registou 16 assassinatos, e, até ao momento, nenhum crime foi esclarecido e as vítimas são todas do género feminino.

"Existe na Província um clima de indignação, terror e medo", alerta o documento, frisando que a polícia na província do Kwanza Norte não soube cumprir o seu papel.

"Ao invés de proteger os manifestantes que marchavam pacificamente, exigindo a captura dos autores dos crimes, os agentes da Polícia Nacional cometeram outros crimes: violaram o direito à liberdade, à dignidade humana e à integridade física dos cidadãos", acrescenta o comunicado.

Por isso, o Grupo Parlamentar da UNITA pede ao ministro do Interior que seja realizadas as investigações dos crimes de homicídio repetidas vezes denunciados e nunca esclarecidos no Kwanza Norte.

Para constatar no terreno a situação, uma delegação de deputados do Grupo Parlamentar da UNITA vai manter contactos nesta segunda-feira, 17 de Fevereiro, com o comando provincial da Polícia Nacional, SIC e com a Procuradoria-Geral da República no Kwanza Norte, bem como as famílias das vítimas já identificadas.

Reagindo à posição da UNITA, a Polícia Nacional na província do Kwanza Norte esclarece que no dia 16 de Fevereiro tomou o conhecimento por via de uma denuncia pública da interdição da Estrada Nacional nº230, por pessoas não identificadas que impediam a circulação.

Segundo a polícia, nesta concentração havia mais de 50 pessoas trajadas com indumentárias pretas, que alegadamente protestavam pelas mortes de anciãs nos campos de cultivo registado nos últimos tempos.

"Durante a reposição da ordem, os cidadãos envolvidos nesta acção insurgiram-se contra os agentes em serviço, tendo sido recolhidos para a esquadra mais próxima. Depois de devidamente identificados, percebeu-se a presença dos deputados da Assembleia Nacional, tendo os mesmos sido de imediato postos em liberdade", informa a polícia.

A polícia acrescenta que muitos cidadãos envolvidos nesta acção voltaram novamente às ruas protagonizando ainda mais actos de arruaça e desordem pública, o que obrigou agentes da polícia a procederem a novas detenções para a reposição da ordem, devendo os detidos serem presentes esta segunda-feira, 17, ao Ministério Público.