Com a revolução agrícola à medida de João Lourenço já a meio, entregues que foram 215 dos 500 tractores anunciados para altos voos na agricultura familiar em Angola, emergem várias contrariedades nesta luta pela auto-suficiência alimentar, sendo a mais visível a falta de capacidade técnica dos beneficiários, antigos militares de todo o País, sem o trabalho complementar prometido pelas autoridades, apurou o Novo Jornal.

Em Benguela, província que testemunhou o "tiro de largada", em Dezembro de 2020, aquando da distribuição dos primeiros 15 a cooperativas de desmobilizados das extintas FAPLA"s, existem tractores agrícolas parados por falta de combustível, estando os beneficiários à espera de créditos para o arranque das actividades.

Quase um ano depois, com uma penúria alimentar pelo meio, consequência da seca, a realidade, conforme dados recolhidos pelo NJ, sugere uma "iniciativa presidencial" bem longe do apoio a famílias camponesas, mormente na preparação das terras.

Na hora da separação das contrariedades, começámos pelas críticas do ex-militar Mateus Seaco, há uma semana, na Catumbela, no término da entrega de um tractor a uma cooperativa, por ocasião da jornada do 17 de Setembro.

"Para dominar um meio técnico, a pessoa tem de passar por uma formação, e isso que estamos a ver é ... pegou, entregou e andou. Não é nada disso, é preciso manutenção para a máquina ter resistência", desabafa o homem do extinto "braço" militar do MPLA, acrescentando que "existem meios danificados por causa disso".

Como que sem palavras, outro membro de uma cooperativa, Miguel António, 55 anos, admite, debaixo do grito de revolta de quem se sente excluído do programa, que não domina o tractor, mas sublinha vontade de cultivar.

"Vamos, mesmo assim, apreender", resume o antigo guerrilheiro, agraciado igualmente com adubo, 25 quilos de milho, feijão, sementes de hortícolas, catana e enxada.

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