O Chefe de Estado assinalou que o conflito entre os dois países europeus está a causar uma crise mundial no domínio alimentar devido ao bloqueio dos portos ucranianos.

"O mundo já não suporta um novo conflito mundial, pelas consequências que provoca ao bem-estar das populações mundiais", afirmou João Lourenço, que defendeu a exploração regrada dos recursos marinhos e o combate à pesca ilegal para assegurar o futuro sustentável das novas gerações.

"Num momento em que não se conseguiu ainda superar a tensão reinante no sudeste asiático, na península coreana, nem no Golfo Pérsico, qualquer uma delas com potencial de evoluir para uma confrontação nuclear, o mundo já não suporta o eclodir e manutenção de um novo conflito em pleno coração da Europa, pelas consequências que tem para a economia global mas, sobretudo, para a paz e segurança mundial", declarou João Lourenço.

O Presidente apontou para a necessidade de os Estados definirem as regras para a sustentabilidade dos oceanos e, subsequentemente, a garantia da preservação e protecção do ambiente marinho e a necessidade do desenvolvimento de acções urgentes para reduzir a poluição dos mares.

"O triste cenário que hoje constatamos impele-nos a agir para encontrarmos soluções que invertam a actual tendência de poluição dos mares e oceanos", afirmou.

João Lourenço afirmou que, apesar de estar à beira das eleições gerais no País, escolheu juntar-se "à reflexão conjunta" por estar em causa "a sobrevivência da humanidade".

"Em Angola temos apostado no ordenamento das actividades do mar e na regulação e fiscalização dos recursos marinhos. No futuro, esperamos alargar os limites da zona económica exclusiva, de forma a utilizar e proteger os recursos de zonas próximas da costa, que têm sido sobre-exploradas por frotas estrangeiras não licenciadas", disse o Presidente, garantindo que Angola tem trabalhado para a redução da emissão de gases com efeitos de estufa, com a diminuição da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e com a produção de energia hidroelétrica.

"Além disso, foram instalados painéis fotovoltaicos que entrarão na rede eléctrica em Julho, disse o Presidente, que informou que a partir de 2024 haverá produção de hidrogénio verde para exportação.

O Chefe de Estado angolano falou da necessidade de coragem para "reforçar a capacidade de defesa e segurança marítima, fortemente ameaçadas por grupos de modernos piratas do mar que desenvolvem a sua actividade terrorista nas principais rotas marítimas, ameaçando seriamente o comércio internacional e a segurança nos oceanos."

"Neste capítulo, destaco muito em particular os problemas que se registam no Golfo da Guiné, no Corno de África e em outras zonas do planeta, onde a pirataria ameaça seriamente a utilização dos mares para fins pacíficos como as trocas comerciais, o turismo e outras actividades conexas que impulsionam as economias", referiu, considerando ser necessário alargar a cooperação internacional com os países destas regiões, de modo a dotá-los de capacidade para fazerem face a esta ameaça global