Adalberto Costa Júnior, quando falava aos jornalistas, na segunda-feira, 29, em Benguela, no contexto do lançamento de um livro de um autor sul-africano, citado pelo jornal OPaís, disse ainda que, devido a essa postura de Washington, o Governo anda à boleia dos americanos.

Esta declaração do líder o partido do "Galo Negro" contrasta com a forma como, no passado, a UNITA via os EUA , com uma postura mais próxima dos EUA, especialmente na exposição dos problemas de governação em Luanda, com destaque para a corrupção, comummente parte substancial dos relatórios anuais do Departamento de Estado.

No entanto, depois de uma viragem substantiva da estratégia do Governo de João Lourenço para o ocidente, distanciando-se, de forma consciente, como o próprio assumiu (ver links em baixo nesta página), da Rússia e da China, embora sem rupturas drásticas, a UNITA mostra desgaste com um claro tirar do pé do acelerador das críticas de Washington a Luanda.

O que Costa Júnior contesta, como ficou claro nestas declarações em Benguela, citado por OPaís, à margem do lançamento do livro "Estado rico, Estado pobre", de Greg Mills, é a "dupla face" das análises norte-americanas contidas nos seus relatórios mais recentes.

Isto, porque, notou ainda o líder do maior partido da oposição, esses documentos estratégicos norte-americanos tanto elogiam como criticam "a péssima gestão" do Governo angolano, dando como exemplo relatórios do FMI elogiosos "mesmo perante a péssima gestão dos fundos públicos, e outros que os revelam um tanto quanto adormecidos".

Embora sem sublinhar que o FMI não é, oficialmente, um organismo internacional sob tutela directa dos EUA, estando, porém, sediado em Washington, tal como o Banco Mundial, em Breton Woods, Costa Júnior disse não entender estas posições mas enfatizou haver em Angola, "interesses que colidem com a verdade".

Disse ainda que já fez saber ao embaixador norte-americano em Angola, Tulinabo S. Mushingi, que a UNITA não está a gostar deste comportamento norte-americano.

"Há menos de três semanas, nós, de forma muito directa, dissemos ao embaixador americano que os Estados Unidos devem mudar a postura em relação à sua abordagem aos problemas de Angola", lembrou, sempre citado por OPaís.

Adalberto Costa Júnior mostrou estar claramente incomodado com o fechar de olhos dos EUA ao que se passam em Angola em matéria de governação.

"Há uma postura do resto da comunidade mais corajosa, crítica, pressionante sobre o Governo e tem havido uma postura americana que tem fechado olhos àquilo que tem sido o desastre angolano", notou.

"Os Estados Unidos não cooperam com o Governo de Angola, cooperam com o país (com os cidadãos, com a sociedade...). A actual embaixada dirige o modelo de cooperação partidária", acusou.

O líder da UNITA acusou também Tulinabo S. Mushingi de ser responsável pelo facto de, nas últimas deslocações de elementos da Administração de Joe Biden a Luanda, estes têm negado reuniões com a sociedade civil.