1. Quais são as expectativas em relação ao encontro desta quinta-feira, 30, na Casa Branca, entre os Presidentes Joe Biden e João Lourenço?

2. A Administração Biden tem feito vários investimentos no nosso País em sectores como o transportes (Corredor do Lobito) e energias renováveis, tornando Angola numa peça de relevo da estratégia dos EUA para África. Qual é a sua opinião sobre essa estratégia?

3. Há, também, a questão do posicionamento estratégico dos EUA em Angola, para travar a influência da China e da Rússia em África. Concorda ?

4. Esta estratégia de João Lourenço de aproximação aos EUA significa necessariamente um afastamento, em termos políticos e diplomáticos, da Rússia e da China?

5. O combate à corrupção, a diversificação da economia e a atracção de investimentos são algumas das bandeiras do Executivo angolano. Terá João Lourenço resultados práticos para convencer Joe Biden?

«Não creio que João Lourenço se queira afastar da Rússia», Maria Luisa Abrantes, Consultora internacional, doutorada em Direito Económico e em Direito Financeiro

1. Os principais tópicos do encontro entre os Presidentes Joe Biden e João Lourenço já foram anunciados .

Angola, para além de uma situação geográfica em África privilegiada , é o 3.º parceiro comercial na África Subsaariana dos Estados Único, para onde exporta petróleo e fez excelentes encomendas aos EUA por ajuste directo, que serão garantidas pelo Estado. Não foi por acaso que o Presidente José Eduardo dos Santos foi recebido na Casa Branca por todos os Presidentes americanos durante os seus mandatos e que conseguiu estabelecer relações bilaterais diplomáticas com os EUA há 30 anos .

O Presidente João Lourenço já não conseguiu encontrar-se com o Presidente Trump. O encontro tardio entre os Presidentes João Lourenço e Joe Biden, após o aperto de mão durante a recepção oferecida pelo último, aos Chefes de Estado africanos, em Dezembro de 2023, já há muito se fazia esperar. Só não aconteceu antes, apesar de todos os esforços envidados, sobretudo pela aproximação iniciada pela US/Africa Business Center da US Chamber of Commence, de que sou co-fundadora, desde a tomada de posse do Presidente João Lourenço em 2017, possivelmente pelas dúvidas sobre o interesse das empresas americanas, devido à situação económica. Essa situação foi agravada pela sanção imposta pelo Senado Americano, não permitindo vender dólares a Angola....

«Não podemos, de um momento para o outro, desprezar os anteriores "amigos"», Eugénio Costa Almeida, investigador Integrado dos CEI-IUL e Investigador-associado do CINAMIL

1. Tendo em conta que, na prática, é o primeiro grande encontro bilateral entre os dois Presidentes, é certo que estiveram juntos em Dezembro de 2022, mas foi na sequência "fotográfica" da reunião EUA-África -; à partida, a expectativa é elevada. Se os resultados serão os aguardados, aí só o "day after" nos poderá dar alguma ideia - e relativa - do que foi tratado, debatido e concluído. Todos aguardamos que o haja um epílogo que, sendo de interesse mútuo, seja mais importante e vantajoso para nós.

2. Naturalmente que é sempre importante, principalmente para um país que está num estágio de desenvolvimento, ainda que nos primeiros passos desse desenvolvimento, ser credor e receber investimentos externos. Esse tem sido um dos motes presidenciais do Presidente João Lourenço. E tendo em conta que, nos últimos anos, Angola é considerada, pelas "administrações" militares e financeiras norte-americanas um importante African Partner Nation (Nação Africana Parceira), em particular na região Centro-Austral africana, e se considerarmos, no caso do Corredor do Lobito, que este é um importante veículo de ligação entre o Atlântico e o que denomino de Interland Africano (o interior Centro-Austral do continente), é natural que os EUA invistam em Angola, em geral, e no Corredor do Lobito, em particular. Acresce que, se estes investimentos tiverem o êxito que os norte-americanos tanto expectam, poderemos ver mais destes investimentos espalhados por todo o País com importantes vantagens para todos nós....

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