O número de reuniões previstas para terem lugar em Nova Iorque, durante a Assembleia-Geral (AG) das Nações Unidas, que decorre de amanhã, 23, a 30 deste mês, é astronómico, passando as 630 oficiais, centenas não-oficiais e ainda um número indefinido, mas na ordem também das centenas, de encontros bilaterais entre os Chefes de Estado - o Presidente João Lourenço já está em Nova Iorque para participar na mais importante reunião dos lideres mundiais em muitos anos -, de Governo, vices-Presidentes, ministros e embaixadores.

O recado, para sublinhar a urgência de fazer com que mais esta AG da ONU não seja apenas mais uma, foi dado pelo próprio Secretário-Geral, o português António Guterres, que sublinha ter uma simples mas decisiva mensagem para os lideres mundiais: Colocar as pessoas em primeiro lugar, as suas aspirações, as suas necessidades, os seus direitos".

O que, parecendo simples, pelo que são os registos actuais dos efeitos das lideranças globais, são tudo menos simples, tendo mesmo afirmado, numa das intervenções que antecedem a 74ª AG da ONU, que as pessoas tê razão quando acusam os políticos de falarem muito mas ouvirem pouco e agirem ainda menos, apontando o dedo aos mais poderosos ao dizer que são os países e comunidades mais pobres quem mais sofre os efeitos das alterações climáticas - o sul de Angola é um bom exemplo - mas são também quem menos contribui para o seu agravamento.

Na página oficial da ONU, Guterres afirmou que é já evidente que "não há tempo a perder face aos efeitos das alterações climáticas, ao crescendo das desigualdades, da intolerância e ainda àquilo que são os alarmantes desafios à paz e à segurança no mundo".

"O maior desafio que os lideres mundiais enfrentam é conseguirem provas aos povos que estão preocupados e que estão, de facto, a mobilizar-se para corresponder às ansiedades dos povos com acções concretas", apontou o SG das Nações Unidas, que pediu "acção e ambição para as centenas de encontros que vão ter lugar esta semana em Nova Iorque.

O próprio Guterres vai poder dizer isso mesmo aos líderes e responsáveis com quem se vai reunir em 190 encontros que vai integrar durante a semana da Assembleia-Geral.

Esta 74ª AG da ONU vai contar com chefes de delegações de 193 países e três observadores, que são a Palestina, a Santa Sé e a União Europeia, estando conformados 91 Chefes de Estado, numa reunião que este ano tem como farol o combate à pobreza, a luta contra as alterações climáticas e a inclusão, sendo que a própria ONU definiu como pontos cimeiros da sua agenda as questões da Saúde no mundo, o desenvolvimento sustentável e a protecção especial que urge garantir aos pequenos Estados insulares, muitos deles em vias de desaparecimento levados na enxurrada do aquecimento global.

Tijjani Muhammad-Bande, diplomata nigeriano e representante permanente do mais populoso e da maior economia africana da actualidade na ONU, vai liderar esta 74ª AG das Nações Unidas, tendo como tarefa maior gerir os cinco encontros de alto nível organizados pela ONU, incluindo uma das que mais expectativas reúne, que é a Cimeira do Clima, que tem o próprio Guterres por detrás.

Uma Cimeira da Saúde e os encontros mais importantes sobre o combate à pobreza, que abarca a exigência da sua erradicação, a inclusão social e Educação, são os outros temas a merecerem a designação de Alto Nível.

O Presidente João Lourenço está desde ontem, Sábado, em Nova Iorque, e, segundo a Presidência angolana, vai discursar para a Plenária na terça-feira, 24, sendo mesmo o primeiro orador desse dia.

João Lourenço deverá sublinhar o papel que Angola desempenha no contexto africano, seja a sua importância ambiental, os projectos regionais e sub-regionais que integra, como o do Okavango-Zambeze, ou os seus esforços para a manutenção da paz e da segurança no continente, bem como os desafios que enfrenta, nomeadamente o que está a ser feito para ultrapassar a crise económica e para combater os efeitos da seca no sul do país.

O Chefe de Estado angolano vai ainda manter uma intensa agenda de contactos com outros lideres mundiais, ao mesmo tempo que os ministros que o acompanham terão, também eles, ma intensa agenda paralela.