Zacarias da Costa, diplomata timorense que assumiu o cargo no início deste mês, depois de Angola ter assumido a presidência da organização na Cimeira de Luanda, a 17 de Julho, estará em Luanda durante quase três dias durante os quais desenvolverá uma intensa lista de contactos de forma a acertar agulhas com a presidência angolana no que diz respeito à prossecução dos objectivos traçados.

Uma das questões mais antigas que permanece em cima da mesa no âmbito da evolução da organização que integra nove países - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste - é a mobilidade de pessoas e bens, e essa é precisamente um dos temas principais da agenda de Zacarias da Costa nesta visita a Luanda.

No encontro que vai manter com o Presidente João Lourenço, Zacarias da Costa deverá analisar aqueles que vão ser os primeiros meses no cargo, definir com a liderança angolana o plano de acção e delinear a estratégia para conduzir a organização nesta fase, ainda muito marcada pela pandemia da Covid-19 mas com o azimute colocado na questão da definição de regras que vão moldar a mobilidade interna mas também, como o Chefe de Estado angolano apontou no seu discurso na Cimeira de Julho, as relações económicas entre os estados-membros.

Nesse seu primeiro discurso, como o Novo Jornal noticiou, João Lourenço pediu que a aposta seja na criação de "riqueza real" que permita "aumentar as trocas comerciais e os investimentos cruzados que gerem empregos e tragam benefícios duplamente vantajosos".

O Chefe de Estado angolano defendeu parcerias económicas e empresariais entre os Estados-membros, lembrando que "o conjunto dos nove países que integram a CPLP têm um enorme potencial económico, industrial, agro-pecuário, pesqueiro e turístico, em muitos casos ainda por explorar".

Todas essas potencialidades devem, segundo João Lourenço, ser alvo da atenção da organização, "para transformar esse potencial em riqueza real".

"Somos uma força política e cultural a considerar, podemos ser também uma força económica relevante se trabalharmos para isso", reforçou.

Outro assunto abordado pelo Presidente angolano foi aquilo que considerou como um dos principais desafios da organização: o da livre circulação entre os países-membros da CPLP, "decisiva para a cooperação económica e maior aproximação entre os povos".

"Temos ainda um caminho a percorrer, precisamos de trabalhar na definição das formas de tornar realidade a materialização faseada, mas efectiva desta vontade aqui manifestada e que reflecte a vontade dos nossos povos", disse João Lourenço, a propósito do acordo de mobilidade interna assinado durante a Cimeira de Luanda.