"Em época eleitoral, não é normal o Governo arriscar-se a fazer uma investida destas: partir casas e deixar dezenas de famílias ao relento?!". Este reparo do activista Adão Quintas é replicado por tantos outros cidadãos, quando reagem às demolições em massa de casas, desde a semana transacta, nos bairros adjacentes ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda, na zona do Bom Jesus, município de Icolo e Bengo. Nada, entretanto, "anormal" para quem olhe para o martelo demolidor do Governo Provincial de Luanda (GPL) como resposta à "banalização do poder do Estado", justificam fontes governamentais, afirmando tratar-se da reposição da autoridade do Estado ante à ocupação de um extenso espaço que coloca em risco a certificação do NAIL junto da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO).
As fontes confidenciam que a "mão pesada" do Estado surgiu durante a última visita do Presidente da República ao novo aeroporto, na qual João Lourenço foi informado dos riscos que a expansão de bairros adjacentes à infra-estrutura representa para o processo de certificação do NAIL, evitando o que sucedeu com o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, cuja certificação internacional até aqui não foi concedida por "não se ter conservado a integridade da reserva que possuía".
O cenário de expansão de casas e outros projectos imobiliários no perímetro do novo aeroporto, contam as fontes, foi testemunhado pelo próprio PR, que, apreensivo com o quadro, questionara a ausência da autoridade do Estado, que permitiu que a situação chegasse àquele estágio: "O PR não poupou nas palavras que dirigiu aos seus auxiliares. Deu sete dias para que se repusesse a autoridade do Estado e não se condicionasse o processo de certificação do novo aeroporto, que começa já em Junho. Podia ter dado esta orientação só depois das eleições, mas teve a coragem de o fazer agora, pois não se pode colocar em causa a autoridade do Estado", reportam.
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