Esta é uma velha reivindicação do continente que conta com apoio declarado de quase todas as grandes potências, dos EUA à China, passando pela Rússia e pela União Europeia, mas tarda o passo decisivo para realizar esse desiderato.

E foi isso mesmo que Azali Assoumani, disse esta quinta-feira, quando se celebra mais um Dia de África, que marca a criação, há 60 anos, da então Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963, sublinhando que deixou de haver quaisquer razões para continuar a retardar esse momento.

"Este é o momento de garantir uma voz de África no mundo inteiro", disse Assoumani, actual presidente em exercício da UA, a partir da sede da organização, em Adis Abeba, Etiópia, onde acrescentou a essa inevitabilidade outra que, embora mais recente, também reúne o apoio das grandes potências e organismos internacionais: a participação de corpo inteiro e não como mera convidada da UA no G20, o grupos dos 20 países mais ricos do mundo.

O Presidente da Comores e líder presente da União Africana insistiu ais uma vez na questão da urgente presença de África nestes organismos de forma a fazer ouvir a voz de 1,3 mil milhões de pessoas, 54 países e um dos continentes mais sub-representados nas instituições globais da actualidade.

Que tipo de representação, se pela organização pan-africana em si, se através de países do continente, isso não ficou claro nas declarações de Azali Assoumani, mas este deixou uma porta aberta para aquele que parece ser o entendimento entre os membros: "um ou mais representantes no Conselho de Segurança da ONU".

Facto é que num contexto internacional em que as grandes potências globais se digladiam, especialmente após a invasão da Ucrânia, em Fevereiro de 2022, pela Rússia pela forma da nova ordem mundial, com Rússia e China de um lado e EUA e Europa ocidental do outro, África, como os restantes continentes, têm uma oportunidade soberana, e provavelmente irrepetível, para fazer valer as suas posições porque ninguém quer criar atrito com potencias aliados neste momento em que as alianças procuram alargar as suas geografias de influência.