Andrii Sybiha, depois de uma sessão de trabalho com o seu homólogo angolano, Teté António, foi recebido na quinta-feira, 24, pelo Presidente João Lourenço, realçando que foi a primeira vez que um MNE ucraniano esteve em Luanda.
Esta visita, enquadrada num périplo com passagens por Omã e Egipto, e que terminará na África do Sul, serviu a Sybiha para procurar o apoio de Luanda para a fórmula de paz com que o Presidente Zelensky quer acabar com a guerra.
Essa fórmula de paz, que passa, em síntese, por garantir a saída de todos os soldados russos dos territórios actualmente ocupados na Ucrânia, garantir que Moscovo paga os custos da reconstrução e que os dirigentes do Kremlin são julgados em tribunais internacionais, tem sido a ferramenta com que Kiev intenta convencer a comunidade internacional a aderir à sua causa.
Até aqui, como o demonstram as declarações de Volodymyr Zelensky, embora já tenha admitido uma Cimeira de Paz com a participação da Rússia, Kiev não mostra qualquer abertura para amaciar esta posição.
E está mesmo, através de um "plano de paz" reforçado nas últimas semanas (ver aqui) a tentar convencer os seus aliados ocidentais a admitir a Ucrânia na NATO, autorizar o uso das suas armas para ataques no interior da Rússia e colocar contingentes em território ucraniano para dissuadir Moscovo de novas conquistas territoriais e obrigar o Kremlin a aceitar as suas condições.
Embora com poucos pormenores sobre a conversa entre João Lourenço e Andrii Sybiha, a Presidência angolana publicou na sua página oficial que o chefe da diplomacia ucraniana "agradeceu o apoio diplomático de Angola no sentido do fim da guerra entre a Ucrânia e a Rússia".
Mas Sybiha á tinha estado reunido numa longa sessão de trabalho com Teté António, o ministro das Relações Exteriores angolano, com quem abordou um leque variado de temas, desde a agricultura à educação e à cooperação militar.
Na nota do MIREX sobre este encontro, que teve lugar na quinta-feira, 24, pode ler-se que Angola e a Ucrânia analisaram "o aprofundamento das relações bilaterais entre os dois países, nos mais variados domínios da vida diplomática, económica e comercial"
Teté António sublinhou, no momento, que a Ucrânia tem desenvolvido "várias iniciativas com vista à intensificação da cooperação entre os dois países" e, entre estas, destaca os vários acordos em negociação para evitar a dupla tributação ou o que visa a promoção e protecção recíproca do investimento ou ainda um protocolo de cooperação entre academias diplomáticas.
Abordando a questão premente da guerra na Ucrânia, que está quase a fazer três anos desde que a Rússia invadiu aquele país em 24 de Fevereiro de 2022, Téte António reiterou a posição de Angola, que desde o início do conflito tem defendido uma solução pacífica e negociada.
E, citado na nota do MIREX, adiantou que recordou o que sobre isso disse o Presidente João Lourenço ao defender "a urgência de um cessar-fogo e de negociações que respeitem a soberania e integridade territorial da Ucrânia, conforme o Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas".
Igualmente citado nesta nota, o chefe da diplomacia ucraniana enfatizou o interesse em intensificar os laços de cooperação com Angola em diversos sectores, sobretudo nos domínios da agricultura e da formação de quadros.
"A Ucrânia vê Angola como um actor fundamental no continente africano e pretende reforçar os laços político-diplomáticos, contando com o apoio de todos os países que, como Angola, são defensores da paz e da estabilidade internacionais", afirmou Andrii Sybiha.