Segundo a Indra, citada pela agência espanhola Efe, o anúncio da UNITA de que vai impugnar a selecção da Minsait não faz sentido porque este partido participou e integrou a comissão que escolheu por unanimidade a empresa espanhola para estar no processo eleitoral de Agosto, onde vai ser escolhido o novo Parlamento, o novo Executivo e o novo Presidente da República.

"A proposta da Minsait foi eleita por unanimidade na comissão avaliadora da Comissão Nacional Eleitoral [CNE] de Angola, integrada por representantes de todos os partidos políticos do país, ou seja, o mesmo partido que anuncia que vai impugnar a seleção da Minsait escolheu a proposta da Minsait", disse uma fonte da empresa à agência de notícias Efe citada pela Lusa.

Na resposta às afirmações dos responsáveis da Indra, líder parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, questionado pela Lusa, reafirmou que o principal partido da oposição vai impugnar o que disse ser um "simulacro" de concurso público, criticando as declarações de responsáveis da Indra que, na sua opinião, vêm confirmar a "podridão" do processo.

E sobre a acusação dos espanhóis de que a UNITA vai impugnar o concurso onde foi parte decisora, sem se opor à nomeação, o deputado do partido do "Galo Negro" enfatizou desconhecer que tenham estado membros do partido nessa comissão.

"Não confirmo que tenham estado representantes da UNITA, não sabemos quem participou, não sabemos quem são os membros dessa comissão, como é que a Indra sabe? Essa declaração só mostra a podridão deste sistema que vem provar o conluio que existe entre a Indra e o regime, por isso não tem condições para participar no processo eleitoral", acusou o deputado.

E explicou que a UNITA tem representantes na CNE, como indica a legislação, mas sublinhou que estes são independentes e não recebem orientações do partido.

"A CNE tem 17 membros, o presidente e mais 16, dos quais nove indicados pelo MPLA [partido do poder], quatro pela UNITA, um pela CASA-CE [Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral], um do PRS [Partido da Renovação Social] e um da FNLA [Frente Nacional de Libertação de Angola], mas a UNITA não sabe quem está nas comissões de avaliação, nem essas pessoas recebem orientações políticas por parte da UNITA, devem agir com independência nos termos da lei", destacou.

Considerou, por isso, que a notícia "não fragiliza de forma alguma" a decisão da UNITA impugnar o concurso, "antes pelo contrário", pois confirma as preocupações do partido.

"É muito grave o que os responsáveis da Indra acabam de dizer, pois não poderiam saber quem integra a comissão, isso é uma prova da podridão e da corrupção instalada. Esta notícia comprova o que a UNITA denunciou", criticou.

A empresa espanhola tem negado as acusações e disse que nunca recebeu sanções, administrativas ou penais, por causas relacionadas com a prestação dos seus serviços, apesar de ter admitido ser alvo de uma multa "puramente de caráter fiscal".

Segundo Liberty Chiaka, ao reconhecer que sofreu uma "sanção administrativa" viola também o regulamento aprovado pela CNE: "Só veio confirmar as faltas graves que cometeu, a Indra mentiu ao Estado angolano e à CNE".