Na presença de Adalberto da Costa Júnior, candidato a Presidente da República, e do candidato a vice-presidente, o coordenador do projecto político PRA JÁ Servir Angola, Abel Chivukuvuku, a UNITA apostou forte em Benguela para marcar o ritmo desta campanha eleitoral que vai passar pela construção e consolidação da ideia de alternância.
Adalberto da Costa Júnior, citado pela Lusa, insistiu na "visão plural" que o partido, apoiado por uma "ampla frente patriótica para a alternância" tem para Angola, prometendo "um diálogo entre diferentes, para além dos muros partidários".
"O nosso projecto é a construção tão adiada de Angola, um país que não é sequer capaz de dar cidadania aos seus filhos", salientou o presidente da UNITA, mostrando-se confiante nas "demonstrações diárias de apoio" e no lema escolhido para a campanha, "A hora é agora".
"Não são títulos de jornais encomendados e sondagens que pretendem enganar os angolanos", disse o líder da UNITA, que foi recebido com um banho de multidão na véspera em Benguela, segunda maior cidade angolana, criticando os meios de comunicação social públicos.
Adalberto da Costa Júnior promete "um Governo de competentes e não de partidários para servir Angola", para resgatar o que foi posto em causa durante os cinco anos de governação de João Lourenço, Presidente de Angola e do MPLA o partido que governa Angola há 38 anos e seu principal adversário.
"Os partidos não são mais importantes do que o país, é Angola que conta", disse o dirigente da UNITA, assumindo compromissos como a reforma do Estado e da administração partidária e a concretização do poder local no prazo de um ano.
Bonga entra em cena
A cerimónia decorreu ao ritmo de uma música interpretada por Barcelô de Carvalho "Bonga", que contém passagens em que aponta para a "chegada da alternância" e saída de cena daqueles que "estão abarrotados de dinheiro".
Depois de ter visto apresentada a marca da campanha, uma imagem sua com o "futuro" no horizonte, Costa Júnior, que fez a antecâmara daquilo que vai ser o seu discurso no contacto com o povo, afirmou que a UNITA pretende construir uma Nação adiada pelo regime, onde "se nega cidadania aos seus habitantes".
Assumindo a intenção de tratar de Angola como uma mãe faz em relação a um filho, o líder da oposição acrescentou que o Governo Participativo e Inclusivo (GIP) é ajustado à FPU, uma dupla que pugna por liberdade, paz e justiça e combate à incompetência.
No domínio da paz e das reformas do Estado, reafirmou autonomia para Cabinda mediante um "diálogo aberto" e prometeu eleições autárquicas "um ano após ser consumada a alternância".
Uma das fórmulas para o ataque à fome e à pobreza será, conforme o presidente da UNITA, a saída de dirigentes da vida empresarial e o fim da concorrência desleal.
"Com o nosso partido, a indústria e os subsídios para a juventude vão mesmo acabar com o desemprego", adiantou, pouco antes de ter dito que o programa de governo, um documento bem mais abrangente, será uma surpresa.
No manifesto, com quatro "importantes eixos", a UNITA refere que as acções projectadas para a saúde e o combate à miséria serão implementadas em 80 por cento até estar concluído o primeiro ano de governação.
Um posto médico para cada cem mil habitantes e o regresso da terra como propriedade ancestral, visando acabar com o "assalto" de governantes perante a incapacidade de famílias camponesas, são algumas das medidas traçadas pelo GIP.
Depois do acto de apresentação do manifesto eleitoral, Adalberto Costa Júnior fez saber, à conversa com jornalistas, que os angolanos terão de lutar contra o "crime" dos mortos nos cadernos eleitorais, num total de três milhões.
O político apontou o dedo ao Governo, mas optou por não detalhar o que será feito para contrapor o que chama de adversidade face ao que a legislação impõe.
Outro aspecto abordado com a imprensa, sempre na perspectiva do que se pode ler no manifesto eleitoral, tem que ver com a proposta para o salário mínimo nacional, de 150 mil Kwanzas, tendo ACJ referenciado que o assunto não fica por aqui.
"É um referencial, as informações prestadas pelas instituições, nomeadamente o Instituto Nacional de Estatística, sobre diferentes aspectos, nem sempre são fiáveis. Mas, como sabem, vamos continuar a debater este assunto", apontou, à saída do palco em direcção ao acto de massas.