"A expulsão de congoleses de Angola ao longo do último mês é verdadeiramente chocante e arrisca desestabilizar ainda mais a situação no Kasai", disse Ulrika Blom, directora nacional do NRC para a RDC, acrescentando que "várias centenas de milhar de pessoas que cruzam a fronteira para o Congo sobrecarregam ainda mais uma situação humanitária já de si terrível.
O NCR informa, em comunicado, que "as pessoas que cruzam a fronteira são uma população mista de antigos trabalhadores migrantes, assim como os milhares de refugiados que fugiram do Congo quando o conflito regional de Kasai eclodiu no segundo semestre de 2016 e em 2017". E alerta para o financiamento do Plano de Resposta Humanitária do Congo, que, segundo a organização já está "bem abaixo de 50%", e para a pouca presença humanitária na região, avisando para "um risco muito sério de que este último afluxo de pessoas necessitadas possa alimentar conflitos e causar centenas de milhares de pessoas necessitadas. para lutar pela escassa assistência disponível".
"O orçamento humanitário de 2018 é basicamente obsoleto devido ao grande número de crises e contratempos que tivemos em todo o país nos últimos três meses", declarou Ulrika Blom, acrescentando que "o risco de doenças transmitidas pela água é alto devido à falta de latrinas e sistemas de saneamento".
"As pessoas são incapazes de tomar banho regularmente devido à falta de água potável em cidades fronteiriças como Kamako. Milhares de pessoas estão dormindo ao ar livre, colocando sua segurança em risco, porque não há abrigo ou casa disponível para o afluxo de pessoas que cruzam a fronteira", .
Por outro lado, acrescentou, "tem-se assistido à extorsão de bens nos dois lados da fronteira e, do lado congolês, os preços de bens alimentares essenciais, como o arroz, farinha e óleo, triplicaram, uma vez que os comerciantes angolanos que normalmente passam a linha fronteiriça estão com medo de a atravessar por temerem represálias, deixando o comércio praticamente paralisado".
Para agravar ainda mais a situação económica, o valor do kwanza, a moeda que os congoleses utilizavam antes de começar a "Operação Transparência", perdeu já um terço do seu valor desde o início dos repatriamentos.
"Não estamos a falar de uma crise que está a começar, mas sim de uma emergência em grande escala. A comunidade internacional deve aumentar urgentemente o financiamento para a assistência humanitária", destacou Ulrika Blom.