Membro da emblemática família Pinto de Andrade, a qual se destacou na co-fundação do MPLA, como é o caso de Mário Pinto de Andrade, que foi o seu primeiro presidente, Vicente Pinto de Andrade regressa ao partido que sustenta o Governo desde 1975.
"Os bons filhos regressam a casa", reagiu o reformado dos Caminhos-de-Ferro de Malanje, Agostinho Quissanga, assim que se apercebeu que o académico Mário Pinto de Andrade é o novo segundo secretário de Luanda do MPLA e Vicente Pinto de Andrade é o número 43 da lista de candidatos a deputados do MPLA nas próximas eleições.
"Tudo tem o seu tempo", desabafa o mais-velho, que conhece a família da região do Gulungo Alto, província do Kwanza-Norte, salientando que os feitos desta família histórica em prol de libertação de Angola devem ser reconhecidos.
O ancião Vieira do Carmo Sobral elogia a atitude da direcção do MPLA, que reactivou estas figuras históricas. "Apesar dos seus truques, o MPLA é um partido que não esquece os seus militantes", justifica.
Membro do Comité Central, Mário Pinto de Andrade era, desde a XII Conferência Provincial de Balanço e Renovação de Mandatos, secretário do Departamento para a Organização Urbana e Assuntos Académicos para a província de Luanda e passa a ser segundo secretário.
Mário Pinto de Andrade, segundo algumas vozes, terá uma tarefa árdua na capital, onde a caça ao voto não é fácil, dado o protagonismo da oposição em Luanda.
"Ele vai contar com o nosso apoio", asseguram outros membros do Comité Provincial, depois de uma reunião que o confirmou como novo segundo secretário, em substituição de Jesuíno Silva, que sai por razões de saúde.
Nas eleições passadas, o MPLA elegeu quatro deputados pelo círculo provincial de Luanda e a UNITA elegeu um deputado. Nos últimos pronunciamentos, a direcção do MPLA em Luanda garante que, nas eleições de 2017, o objectivo é eleger os cinco deputados do círculo eleitoral.
"Esse é o nosso objectivo", confessou Higino Carneiro, primeiro secretário dos "camaradas" em Luanda, que não cessa de apelar aos militantes para trabalharem na mobilização dos cidadãos para participarem no registo eleitoral.
"Precisamos todos de ter saúde e força para podermos trabalhar e lutar de maneira a que, no próximo ano, estejamos em condições físicas para cumprirmos a nossa presença nas eleições gerais de 2017, em que vamos votar e sair vitoriosos", desafiou.
Militante desde os anos 70, Mário de Andrade foi líder da JMPLA, no seu tempo de estudante na capital portuguesa, Lisboa.
Em relação a Vicente Pinto de Andrade, segundo apurou o NJ, várias figuras da hierarquia do MPLA foram determinantes na tarefa de o convencer a figurar na lista do MPLA.
"É uma mais-valia para o MPLA. O professor Vicente vai animar os debates no futuro parlamento", argumentou um membro do partido.
Em declarações à TV Zimbo, Vicente Pinto de Andrade justificou a sua posição e explicou porque aceitou integrar a lista de candidatos a deputados. "Sempre fui militante do MPLA, partido ao qual pertenço desde os 12 anos", fundamentou.
Em 2005, Vicente Pinto de Andrade reafirmou a sua candidatura, como independente, à Presidência da República de Angola, mesmo que José Eduardo dos Santos se recandidatasse.
"Ao nível do MPLA, a única candidatura independente que surgiu foi a minha. Nunca foi apresentada contra ninguém, mas no sentido de viabilizar um projecto alternativo de que este país precisa. É evidente que a presença do Presidente José Eduardo dos Santos neste processo fará com que tenhamos de partilhar, não sabemos em que proporção, o eleitorado que se revê no MPLA", afirmou na altura.
A nova Constituição, aprovada em Janeiro de 2010, não prevê candidaturas independentes, razão pela qual Vicente Pinto de Andrade e tantos outros desistiram dessa intenção.
"A sua presença na lista, e numa posição privilegiada, mostra que a reconciliação interna será significativa nos próximos tempos", sustentam alguns membros ouvidos pelo NJ.
Militante do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA) desde 1963, o regresso de Vicente Pinto de Andrade é saudado pelos milhares de militantes do MPLA, que defendem uma reconciliação urgente.
"Os tempos mudaram. O MPLA tem quadros competentes fora, é urgente o regresso dos mesmos", defende o militante João Pinto Mafuani, dando como exemplo o caso de Marcolino Moco.
"O camarada Moco é nosso. Porque não regressa?", questiona.