O anúncio foi feito pela ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, coordenadora de uma comissão de acompanhamento e resposta à seca no sul de Angola, e pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Furtado.

Em declarações à imprensa, Carolina Cerqueira referiu que o encontro serviu para analisar a forma como podem ser minimizados os problemas que afectam algumas populações, sobretudo nas regiões do sul e sudeste, particularmente nos municípios do Curoca, província do Namibe, Cahama, província do Cunene, e Gambos, província da Huíla, "tendo em conta a previsão do agravamento da situação nos próximos meses, por força da estiagem, no âmbito das mudanças climáticas que se têm vindo a verificar".

Carolina Cerqueira disse que, apesar dos esforços permanentes da assistência imediata às populações afectadas, a situação climática tem-se mostrado cíclica, o que requer uma intervenção numa abordagem diferenciada, estruturada e de proximidade, através da instalação, temporária, no local, de uma task force que, a partir do terreno, possa tratar da logística e acompanhar a distribuição dos meios que têm sido enviados.

"(Os meios) estão avaliados em mais de 5.176 toneladas desde o ano de 2019", disse a ministra, salientando que, só este ano, foram enviadas para a região sul do país 840 toneladas de alimentos.

A governante angolana frisou que estas ajudas perfazem "um total financeiro considerável", que não avançou, que tem sido garantido pelo Orçamento Geral do Estado (OGE).

Além do Estado, os apoios vêm também de ajudas beneméritas e acções de filantropia de vários grupos sociais e da sociedade civil.

"Mas que fique salientado que a maior parte das despesas e das ajudas alimentares, em grande quantidade, têm sido financiadas pelo OGE", realçou, informando que a task force terá o seu comando na Cahama, para garantir a implementação da estratégia de mitigação dos efeitos da seca no sul do país e o respectivo plano de ação.

A task force será coordenada pelos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, do Ministério do Interior e vai integrar efectivos das Forças Armadas Angolanas, representantes dos Ministérios da Defesa, da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, da Energia e Água, da Agricultura e Pescas, da Saúde, da Educação, das Relações Exteriores, do Comércio e Indústria e técnicos de várias áreas, para se aumentar o leque de especialistas que vão se dedicar a esta problemática.

Segundo Carolina Cerqueira, a task force terá como principais tarefas garantir o desenvolvimento das operações logísticas, operacionais e técnicas no terreno, em articulação com as autoridades locais e os governos provinciais.

A acção principal do órgão será a elaboração de um cronograma, com plano de acção, com prazos bem definidos para grupos-alvo bem identificados e a necessidade de também se estabelecer quais são os meios financeiros e de logística que devem estar disponíveis para se levar a cabo toda esta operação.

O desenvolvimento de acções de engenharia, para a retenção e redução da força do escoamento das águas das chuvas, para garantir impactos positivos nos solos e potenciar o desenvolvimento das culturas locais, a criação de cooperativas e assistência técnica e plantação de culturas adaptadas à situação climatérica são outras das tarefas desta task force.

"Por outro lado, a task force vai acompanhar a criação de infra-estruturas de reserva de água e medidas de reparação dos furos de água, e dar especial atenção ao programa estrutural que foi lançado na margem direita do rio Cunene e para o qual estão a ser desenvolvidas acções de grande impacto, tanto do ponto de vista de infra-estrutura como necessidades em água a nível local", disse.

A task force prestará também assistência e distribuição, devidamente planificada, de alimentos a populações afetadas pela seca, sobretudo nos domínios da alimentação e de meios para o seu dia-a-dia, serviços de saúde, vacinação, acompanhamento dos cuidados primários de saúde, aspectos nutricionais e educação.

A comissão está também preocupada com a questão da educação, sobretudo para os grupos nómadas, para sejam incluídos no sistema de ensino, com especial atenção para as meninas destas regiões afectadas pela seca, no sentido de que não abandonem a escola.

"E para isso essas crianças terão de ter cuidados especiais do ponto de vista de nutrição, higiene e educação para a vida, para elas se sentirem valorizadas e inseridas socialmente", salientou a governante angolana, defendendo a necessidade de se ampliar a garantia das merendas escolares às crianças, no âmbito do programa de combate à pobreza.

Para a população afectada, a task force vai também criar mecanismos de distribuição e abastecimento de água, através de moto-cisternas e outros equipamentos de fácil acesso.

Em Julho, o representante do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Angola, Michele Mussoni, que dirige o escritório daquela agência das Nações Unidas, disse à Lusa que a seca atingiu não só as províncias do Sul, como o Namibe, Huíla e Cunene, mas também o Huambo, Benguela e Cuanza Sul.

Na altura, estimou que cerca de 3,5 milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente 10% da população angolana, estariam a ser afectadas.

Angola quer regresso ao país de cerca de três mil pessoas que fugiram para a Namíbia devido à seca

A task force angolana foi incumbida de estabelecer contacto com a embaixada de Angola na Namíbia para apelar ao regresso das 3.000 pessoas que fugiram do território devido à seca.

O anúncio foi esta quinta-feira feito pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Furtado, no final da reunião da comissão de combate e acompanhamento da situação da seca no sul do país.

A "task force" foi igualmente incumbida de estabelecer contacto com a embaixada de Angola na Namíbia, mais concretamente com o consulado de Angola em Oshakati, com vista ao retorno à província do Cunene, nomeadamente ao município do Curoca, dos cerca de 3.000 cidadãos que deixaram, desde Maio, o território angolano devido à seca.