O jornal escreve que os documentos que expõem os negócios de Isabel dos Santos levantam sérias questões sobre como o Banco Central da Namíbia permitiu que um banco no qual ela tivesse a maior participação operasse na Namíbia.
"Os reguladores financeiros também permitiram que o banco operasse, apesar de pertencer integralmente a accionistas estrangeiros, o que contraria directamente as políticas da Namíbia, que limitam a propriedade estrangeira nos principais sectores de negócios", avança ainda o jornal namibiano, que endereçou algumas perguntas ao porta-voz do Banco Central da Namíbia, Kazembire Zemburuka.
Kazembire Zemburuka disse ao jornal que o Banco Central "considerou a adequação e a probidade dos accionistas [e que] não havia assuntos substanciais identificados ou confirmados naquela conjuntura", acrescentando que, "durante a avaliação do pedido de licença do Bank BIC, foram abordados reguladores em outros países onde o BIC Bank estava licenciado, não tendo o banco recebido nenhum relatório desfavorável".
O porta-voz do banco regulador terá dito ainda ao The Namibian que "para estabelecer a fonte dos fundos dos accionistas, o Banco Central da Namíbia pediu ao Banco BIC que fornecesse demonstrações financeiras anuais para todos os seus accionistas".
Mas, revela o jornal namibiano que, "embora o Banco BIC tenha recebido o sinal verde no final de Maio e estivesse operacional poucas semanas depois, os e-mails que constam do dossier Luanda Leaks sugerem que os reguladores ainda aguardavam pela documentação principal quase dois meses depois da atribuição da licença".
E isso incluía as demonstrações financeiras da empresa de Isabel dos Santos, em Malta, a Finisantoro Holding, que detinha 17,5% das acções do banco.
O jornal revela que um dos consultores financeiros de Isabel dos Santos escreveu ao auditor da Finisantoro na PwC em Malta, no dia 27 de Julho de 2016: "O banco central da Namíbia está exigindo as contas dos accionistas do [Banco] BIC Namíbia. Temos de lhes enviar as contas assinadas e auditadas de 2014 até o final desta semana e as FS [demonstrações financeiras] de 2015 o mais rápido possível. Você pode, por favor, dar-me o seu feedback sobre este assunto com urgência? "
Confrontado com estes dados, o Banco Central da Namíbia negou ter concedido a licença ao Banco BIC Namíbia prematuramente, escreve ainda o jornal.