Segundo uma nota do Grupo Parlamentar da UNITA, depois desta deslocação de trabalho concluída, este partido vai solicitar uma comissão parlamentar de inquérito.
A UNITA lamenta ainda a postura "parcial dos órgãos de comunicação social públicos, no tratamento destes acontecimentos, pois, ao arrepio da Lei, não foram ouvidas as vítimas, agora acusadas de rebelião, violando o princípio do contraditório".
"O Grupo Parlamentar da UNITA condena a insensibilidade do Executivo angolano perante a morte de cidadãos angolanos, pelo simples facto de pensarem de modo diferente, pondo em causa o pluralismo de expressão e de opinião, que são fundamentos do Estado de Direito democrático", lê-se na nota, apelando aos órgãos de justiça para responsabilizarem civil e criminalmente os autores destas mortes.
Nesta nota é reiterado o compromisso do partido do "Galo Negro" com "a defesa dos valores da paz, da vida e da dignidade da pessoa humana e endereça às famílias enlutadas os seus mais profundos sentimentos de pesar".
No dia 31 de Janeiro, o comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, considerou, "estável e tranquila" a segurança pública na vila mineira do Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda Norte, salientando que o número de mortes subiu de quatro para seis, estando um inspector-chefe da Polícia Nacional em estado crítico, a receber assistência médica.
Segundo o comissário-geral Paulo de Almeida, alguns elementos do movimento estão identificados e a acção da Polícia Nacional vai continuar, para se encontrar os cabecilhas do atentado e tomar as medidas que se impõem, levando-os ao tribunal.
Recorda-se que o movimento Protetorado Lunda Tchokwe tinha convocado para sábado último, uma manifestação para apelar o Governo angolano que negoceie a autonomia daquela região, com base num acordo entre o povo Lunda-Tchokwe e o Governo colonial português, que não foi tido em conta após a independência de Angola.
Num comunicado divulgado hoje, o secretariado do Movimento considera que a resposta da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas (FAA) à manifestação realizada no Cafunfo, Lunda Norte, foi um "massacre" apontando o dia em que ocorreu como "Sábado sangrento".
Denominando-se Movimento do Protectorado Português da Lunda Tchokwe, o seu secretariado executivo emitiu um comunicado onde recorda que "a manifestação esta consagrada Constituição" e recusa que tenha ocorrido, como a PN divulgou, uma rebelião e garante que é um movimento "contra a violência" como está inserido no seu manifesto de 2006, ano da sua criação, que é do conhecimento do Governo e da comunidade internacional.
"Não possuímos armas, não possuímos exercito", avança o Movimento, lembrando que é por isso que "foi aceite e registado nos Estados Unidos de América pelo Departamento de Justiça Federal" e pela Organização das Nações e Povos Sem Representação (UNPO, na sigla em inglês) como observador.
O secretariado Executivo, num extenso comunicado, emitido dois dias após os acontecimentos de Cafunfo, recorda que o próprio Estado angolano não o reconhece como uma "rebelião armada" porque se assim fosse, "a Presidência da Republica de Angola (...) não nos teria recebido no Cerimonial do Palácio da Cidade Alta em Luanda no dia 27 de Dezembro de 2017, a Casa Civil do Presidente da Republica", encontro esse reconhecido em ofício, entre outras iniciativas envolvendo troca de comunicações com o Governo.