No documento consultado pelo Novo Jornal, o Chefe de Estado descreve que "persistem os inúmeros constrangimentos de segurança da exploração ferroviária, que levam a perdas humanas diárias, o furto e vandalização do material circulante e da linha, o depósito dos resíduos sólidos, a venda ambulante e a redução da velocidade normal dos comboios".
A "necessidade urgente de inverter o actual quadro" levou o Chefe de Estado a autorizar a despesa e formalizar a abertura do procedimento de contratação emergencial, assentes em critérios materiais, para a celebração de um contrato de empreitada para a segregação do corredor ferroviário do CFL, no troço Bungo AIAAN, etapa emergencial, no valor global de 125,4 milhões de dólares dos Estados Unidos da América, o contrato de elaboração dos projectos, coordenação e gestão da empreitada, no valor global de 5 milhões USD e o contrato de fiscalização das obras, no valor de 4,3 milhões USD.
No despacho presidencial não é avançado o nome das empresas a contratar.
O Chefe de Estado delega no ministro dos Transportes a competência, com a faculdade de subdelegar, para a aprovação das peças, a verificação da validade e legalidade de todos os actos decisórios e de aprovação tutelar no âmbito do procedimento, incluindo a celebração e assinatura dos respectivos contratos.
De lembrar que o Presidente da República saiu na quarta-feira do palácio Presidencial para percorrer os caminhos que levarão os viajantes ao novo Aeroporto Internacional de Luanda (NAIL), que é previsto começar a funcionar em pleno no final do terceiro trimestre de 2024. E concluiu que os aproximadamente 45 quilómetros estão cheios de constrangimentos, a começar pela ligação por comboio. O Chefe de Estado não ficou satisfeito com o que viu no terreno, e, de regresso ao Palácio, convocou uma reunião de emergência. No fim do dia, fez sair um despacho com medidas emergenciais.
Segundo os serviços da Presidência, João Lourenço percorreu, de comboio, o troço que liga a estação ferroviária do Bungo até ao Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, em Icolo e Bengo, numa extensão de aproximadamente 45 quilómetros.
O Chefe de Estado "quis certificar-se do estado real das acessibilidades para o novo aeroporto, muito em particular a ligação por comboio".
A visita de campo "deixou a nu um conjunto de desafios que vai ser preciso vencer" para que a viagem dos passageiros por via férrea ocorra com garantias de segurança e conforto, diz a Presidência, acrescentando que "hoje por hoje, os comboios naquele percurso operam em condições precárias, dada a persistência de mercados informais, circulação de vendedores ambulantes e animais, além da acumulação de lixo e outros detritos".
Feita a viagem de comboio, e com um amargo de boca, o Chefe de Estado resolveu ir verificar a Estrada 230 que liga Luanda a Catete, por altura do quilómetro 44, o ponto onde desembocará a estrada circundante projectada para desafogar a ligação entre Luanda e Viana, "uma via que influenciará, também, a acessibilidade para o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto".
"Em face do constatado", dizem os serviços da Presidência, o Chefe de Estado "convocou de imediato uma reunião de trabalho, que teve lugar a meio da tarde desta quarta-feira no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, com responsáveis de diferentes departamentos ministeriais e outras entidades ligadas ao processo de criação de condições para que as idas e vindas futuras do e para o novo aeroporto estejam facilitadas".
No final do dia, o Presidente da República exarou um despacho a considerar que "persistem os inúmeros constrangimentos de segurança da exploração ferroviária, que levam a perdas humanas diárias, o furto e vandalização do material circulante e da linha, o depósito de resíduos sólidos, a venda ambulante e a redução da velocidade normal dos comboios".