Para o MPLA, com este passo dado "o Executivo criou todas as condições para que, pela primeira vez, os angolanos na diáspora exercem o seu direito de voto".

"O Executivo cumpriu as reclamações dos nossos compatriotas na diáspora quando no ano passado aprovou a Lei Eleitoral. Esperamos que o processo decorra sem sobressaltos", disse ao Novo Jornal o deputado do MPLA, Tomas da Silva.

Questionando a possibilidade de contagem de votos no exterior, disse que os mesmos serão contados nas assembleias de votos na diáspora na presença de fiscais e representantes dos partidos políticos, mas o apuramento final será feito no centro de escrutínio aqui no País.

"O importante é o cumprimento da Lei Eleitoral que estabelece estes critérios todos. O processo vai ocorrer com transparência e lisura já que todos actores políticos vão acompanhar o processo", acrescentou.

De acordo com o deputado, as pessoas não podem ser pessimistas com receios de não haver transparência. "Insisto, o processo terá acompanhamento de todos, incluindo observadores internacionais".

O deputado da UNITA, Alcides Sakala, deu nota positiva ao processo do registo eleitoral fora de fronteiras, mas defendeu o cumprimento da Lei.

"Isto implica muita organização, porque os angolanos estão espalhados em várias partes do mundo. Há países que têm maiores comunidades de angolanos. A nível do continente africano por exemplo, temos a RDC, a Namíbia, África do Sul e a Zâmbia", enumerou.

Questionado sobre a contagem de votos nestes círculos, respondeu que o importante é que haja transparência neste processo para dar credibilidade ao exercício de voto dos angolanos todos.

"A transparência é fundamental para que haja um processo eleitoral credível. Caso contrário vamos ter muitas dificuldades", disse, lembrando que tem havido muitos problemas em todos os processos eleitorais.

Nas eleições de 2022, segundo Alcides Sakala, o Executivo deve conduzir este processo com responsabilidade, para mostrar ao mundo que a democracia está a caminhar com passos positivos.

O deputado da CASA-CE, Fele António, também espera que o processo de registo eleitoral na disporá corra bem e que não haja transtornos nem dúvidas quanto à sua transparência.

"Pela primeira vez os angolanos na diáspora vão votar. Queremos transparência e êxito no processo", resumiu.

Refira-se que a actualização do Registo Eleitoral Oficioso dos cidadãos angolanos residentes no exterior do País iniciou hoje com o acto formal de abertura a ser realizado na cidade do Cabo, República da África do Sul.

O acto será testemunhado por uma delegação governamental coordenada pelo ministro da Administração do Território (MAT), Marcy Lopes, e integrada pelos Secretários de Estado das Relações Exteriores e da Justiça, Domingos Vieira Lopes e Orlando Fernandes, respectivamente.

Com este acto, os cidadãos angolanos maiores de idade ou que completam 18 anos até 31 de Dezembro de 2022 deverão actualizar a sua residência na missão diplomática ou consular do País em que residem.

A Actualização do Registo Eleitoral Oficioso ocorre, pela primeira vez, em resultado da revisão pontual da Constituição da República de Angola, operada em 2021.

O Registo Eleitoral Oficioso de cidadãos angolanos no estrangeiro, que vai até Março, vai custar 44,7 mil milhões kwanzas ao Governo.

De acordo com os números do Ministério da Administração do Território (MAT) são 450 mil angolanos espalhados por 57 países, que contam com o apoio de 76 missões diplomáticas, sendo que a maioria deste número de cidadãos se distribui com maior densidade por 13 países.

O registo eleitoral no exterior do país será feito mediante a apresentação do Bilhete de Identidade (BI) e será passado ao eventual votante um documento simples que atesta a sua localização no momento do registo.

Sobre este processo, o ministro Marcy Lopes disse hoje, na Cidade do Cabo, que este acto simbólico é de "importância singular", porque, pela primeira vez, o processo democrático iniciado em 1991 permitiu aos angolanos residentes no estrangeiro ficarem habilitados a exercerem o seu direito de voto.

"Hoje, 17 de Janeiro, entra parava história da democracia angolana como o dia em que se iniciou este processo de actualização do registo eleitoral no exterior", disse aos microfones da RNA.

Marcy Lopes lembrou, no entanto, que no exterior do País basta a apresentação do BI para proceder ao registo, tendo a abertura do processo corrido em simultâneo em todos os países onde os angolanos vão poder votar.