A Procuradoria-Geral da República (PGR) concluiu as investigações sobre os incidentes mortais ocorridos em Cafunfo, Lunda-Norte, a 30 de Janeiro deste ano, tendo em consequência aberto dois processos-crime que já remeteu ao Tribunal de Comarca do Dundo. A informação foi prestada em exclusivo ao NJ pelo seu porta-voz, Álvaro João.

Segundo o responsável, num dos processos-crime, a PGR afirma ter havido "excesso" por parte de alguns agentes da Polícia Nacional (PN), o que provocou a morte de diversos cidadãos. Noutro, a entidade considera "insurreição" por parte dos jovens envolvidos nos confrontos travados com as autoridades policiais naquele dia.

"Agora, cabe apenas ao Tribunal de Comarca do Dundo decidir quando começa a julgar os envolvidos, porque nós [PGR] terminámos a nossa participação activa nestes processos", afirma Álvaro João.

Contactado para falar sobre o assunto, Salvador Freire, advogado de José Zecamutchima, presidente do Movimento Protectorado Português da Lunda Tchokwe, que se encontra preso em Luanda, tido como autor moral da alegada insurreição, manifesta-se surpreso com o facto de a PGR declarar ter concluído uma investigação que resultou na abertura de dois processos. O jurista recorda que essa instituição se havia considerado "incompetente para realizar um inquérito sobre o incidente".

"O senhor Zecamutchima ainda continua nas masmorras do Serviço de Investigação Criminal (SIC) em Luanda, sem se saber as razões", desabafa Salvador Freire, acrescentando que os angolanos gostariam de saber "quais foram, na perspectiva da PGR, as reais causas dos assassinatos em Cafunfo".

As razões e o balanço das mortes resultantes do confronto entre agentes da PN e os jovens em Cafunfo continuam a dividir as autoridades, os partidos na oposição (com a UNITA à testa) e as diferentes associações cívicas.

Por exemplo, o comandante-geral da PN, comissário-geral Paulo de Almeida, considerou ter havido razão bastante para que os agentes carregassem como o fizeram contra os jovens civis, sublinhando que as vítimas terão, com recurso a catana e a outros objectos contundentes, invadido uma esquadra da Polícia em Cafunfo, a fim de retirar a bandeira da República que se encontrava hasteada no interior.

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