A garantia foi dada aos jornalistas pelos representantes das partes, Álvaro Chikwamanga Daniel, secretário-geral da UNITA, Nuno Caldas, secretario de Estado da Comunicação Social, Amílcar Xavier, director da TV Zimbo, e Neto Júnior, administrador para área de conteúdos da TPA.

"Ficou ultrapassado o diferendo existente entre as partes. Recebemos a garantia das direcções das televisões públicas que vão cobrir as nossas actividade políticas", disse o secretário-geral da UNITA.

Este encontro é uma reacção imediata ao apelo lançado pelo Presidente da República, João Lourenço, que, a partir de Ndalatando, onde esteve nos últimos dois dias para uma visita de trabalho ao Kwanza Norte, no sentido de que a UNITA e as duas estações de televisão públicas conversassem de forma a ultrapassar o diferendo, adiantando que o partido deveria pedir desculpa aos ofendidos.

O problema surgiu quando, no Sábado, 11, os jornalistas enviados pela TPA e pela TV Zimbo foram verbalmente agredidos por indivíduos que estavam na manifestação convocada pela UNITA para exigir eleições justas e transparentes, que juntou dezenas de milhares de pessoas em Luanda, junto ao Largo 1º de Maio.

Logo de seguida, a UNITA acusou as duas televisões de estarem a tornar "oficial a censura em Angola".

Segundo Álvaro Chikwamanga Daniel, o seu partido não pediu desculpa, como pretendiam as televisões públicas, pelo facto do seu presidente, Adalberto Costa Júnior tê-lo feito no marcha do passado sábado tão logo tomou conhecimento do impedimento da cobertura jornalística aos profissionais da TPA e TV Zimbo por elementos que participaram da marcha.

O que dizem as tv e o Executivo

Amílcar Xavier, director da TV Zimbo disse à saída que, após receber garantias da UNITA de que, nas próximas actividades, actos do género não se vão repetir, estão criadas as condições para que tudo volte à normalidade.

"Emitimos um comunicado que foi a expressão dos jornalistas da redacção da TV Zimbo que disseram que não tinham condições psicológicas para voltarem às manifestações do género e nós, respeitando o dever de consciência e a liberdade de consciência dos próprios jornalistas, concordamos", disse Amílcar Xavier.

Nesta reunião, prosseguiu, a UNITA deu todas garantias de que vai haver muito mais cuidado nas manifestações para que não se repitam tais comportamentos.

Amílcar Xavier salientou que, pelo facto de a TV Zimbo ter passado para esfera do Estado, "não há qualquer ordem" para definir os seus alinhamentos editoriais.

Neto Júnior, director de conteúdos da TPA, disse que a televisão pública vai voltar a cobrir as actividades da UNITA e que não há nenhuma ordem superior da parte do Executivo a limitar o canal de forma a não cobrir os actos do partido UNITA.

Conforme Neto Júnior, os critérios editorias são definidos pela direcção de informação.

Quanto ao encontro de hoje, disse que chegaram a um entendimento e a TPA vai recuar na sua decisão e voltará a cobrir actividades do partido do "Galo Negro".

Já o secretário de Estado da Comunicação Social, Nuno Caldas, disse que os órgãos de comunicação social desempenham um papel insubstituível na construção e consolidação do estado democrático e de direito, tendo um papel de mediador do Estado social, político e económico.

"Na verdade, não existem ordens superiores, isso é um falso problema, aqui, hoje, apelamos para que os órgãos possam assegurar a concretização do direito de informar, formar os cidadãos sem distinção dos partidos políticos, organizações da sociedade civil e órgãos do Estado", disse o secretário de Estado da comunicação social.