Moradores do Panguila estão preocupados com o aumento da prostituição no bairro, nos últimos meses. Afirmam que há adolescentes envolvidas nesta actividade, que começa cada vez mais cedo.
Muitas adolescentes e jovens encontram na prostituição uma forma de se manterem e ganharem a vida. Outras ainda vêem a prostituição como trabalho e encaram as ruas com "orgulho" e "dignidade", embora optem por esconder a identidade, contrariando desta forma o discurso que produzem.
A equipa do Novo Jornal foi até ao bairro do Panguila para acompanhar a rotina destas mulheres que ganham a vida a vender o corpo. Duas delas são menores, de 14 e 15 anos. Ambas pedem para que os seus nomes não sejam citados. Querem permanecer na obscuridade e manter, assim, as famílias na ignorância sobre o que fazem. As cinco jovens vivem no bairro do Panguila e todas vieram do bairro da Chicala.
Francisca é uma mulher de estatura média e magra. De cabelos curtos, tem apenas 18 anos e muita vida para contar. Ao Novo Jornal explica que entrou no mundo da prostituição porque os pais não tinham condições para a colocar na escola.
"Entrei na prostituição por convite de uma amiga que já é prostituta há cinco anos. Ela sempre acompanhou as minhas dificuldades, os meus pais não têm condições e, então, disse-me que sou bonita e que muitos homens gostariam de ficar comigo. Aceitei e hoje vivo da prostituição", conta.
Segundo a jovem, os primeiros homens com quem se relacionou foram- -lhe apresentados pela amiga, que é 10 anos mais velha. "No início, foi muito difícil, porque fiquei quase uma semana sem dormir em condições. Mas, quando vi o dinheiro que ganhei em pouco tempo, comecei a ter mais ânimo. Consegui colocar os meus três irmãos na escola e consegui pôr comida em casa", revela. Apesar do que ganha, pretende mudar de vida e arranjar um emprego.
Outra jovem mulher que também vende o corpo é Anita. De 22 anos e mãe de dois filhos, é prostituta desde os 15 anos. "Comecei no bairro da Chicala, onde as coisas eram muito mais fáceis, tínhamos sempre clientes. Aqui, no iní- cio, era difícil. Agora, já há muitos clientes", revela. Com o que consegue ganhar, a jovem já adquiriu uma residência, no bairro do Panguila, e sustenta os filhos, que frequentam a escola.
(Esta notícia pode ser lida integralmente na edição nº 472, nas bancas, ou em digital, que pode pagar no Multicaixa)