Paulo Cascão tornou-se uma peça fundamental deste processo, que tem como principais arguidos os generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" e Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino", dois homens de confiança do antigo Presidente da República José Eduardo dos Santos, pelo facto de o Ministério Público (MP) ter apontado que a empresa que dirigia, a Delta Imobiliária, participou num esquema "de contrato de reembolso", que terá possibilitado um desfalque de vários milhões de dólares ao Estado, por via da Sonangol Imobiliária, subsidiária da Sonangol E.P.

O ex-director da Delta Imobiliária foi ouvido em Portugal sobre o processo-crime pela Polícia Judiciária Portuguesa (PJP).

O Novo Jornal soube que as declarações de Paulo Cascão foram feitas depois de a PGR ter remetido o processo para julgamento.

Segundo a acusação, a empresa Delta Imobiliária é propriedade do engenheiro Manuel Vicente e dos generais "Kopelipa" e "Dino", através do grupo A4, e tinha como administrador único Paulo Cascão.

A acusação diz ainda que o esquema começou com a passagem da titularidade dos imóveis, alegadamente construídos com fundos públicos, à empresa China Internacional Fund (CIF) Hong Kong, representada, à data dos factos, pela empresa Delta Imobiliária, por orientação de Manuel Vicente.

Entretanto, para a descoberta da verdade, o tribunal decidiu interrogar por vídeo-conferência Paulo Cascão, que se encontra a residir em Lisboa, Portugal.

A sessão de discussão e julgamento está agora suspensa até ao dia 18 de Agosto, para a audição de Paulo Cascão, procedimento que não teve lugar com o cidadão Manuel Vicente, antigo vice-Presidente da República, citado várias vezes no processo em julgamento de estar envolvido no esquema que defraudou o Estado angolano em vários milhões USD.

O Novo Jornal sabe que no fim desta fase, o julgamento entra para a fase final com a "batalha" entre o Ministério Público e os advogados dos arguidos, que vão esgrimir, com base na lei, os factos produzidos em tribunal e que podem levar à condenação ou à absolvição dos arguidos.

São arguidos Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino", Fernando Gomes dos Santos, Yiu Haiming, e as empresas Plansmart International Limited e Utter Right International Limited, acusados da prática dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder.