O secretário da comunidade muçulmana na região leste de Angola, António Muhalia, disse ao NJOnline não compreender a atitude das autoridades governamentais destas províncias, que, todavia, se limita às questões das reuniões, como a frequência das mesquitas, e não ao jejuar propriamente dito.
"O mês de jejum é sagrado para os muçulmanos. Em Luanda, Benguela, Lunda Sul (...) os muçulmanos estão a jejuar e a participar no Ramadão normalmente. Não entendemos o que pensam as autoridades destas províncias ", referiu António Muhalia.
Na sua opinião, a decisão de impedir os muçulmanos de jejuar normalmente, com os seus rituais próprios, nestas províncias, não vincula o Governo central, afirmando ser uma iniciativa das autoridades locais.
"Nestas províncias, as mesquitas estão encerradas. Como é que dizem que Angola é um Estado laico?" questionou, salientando que muitos muçulmanos estão a atravessar a fronteira para a República Democrática do Congo a fim de participarem neste evento.
"A situação é mais critica na Lunda Norte, onde já foram encerradas 39 mesquitas. As províncias que autorizam os muçulmanos a participarem neste tipo de cerimónias não fazem parte de Angola?", perguntou
Recorda-se que o Governo angolano tem vindo a praticar uma política restritiva face ao Islão em Angola e o encerramento dos templos muçulmanos em todo o país tem acontecido, embora as autoridades nacionais refutem qualquer ideia de "guerra" contra o Islão.
"Não existe qualquer guerra contra o Islão ou contra qualquer outra religião em Angola", disse recentemente Manuel Fernando, director do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR).
Refira-se que neste mês do calendário islâmico os muçulmanos jejuam durante o dia, rezam e celebram a revelação do Corão, o livro sagrado, ao profeta Maomé, podendo ingerir alimentos e água apenas após o sol posto.