De acordo com a agência de notícias Bloomberg, o êxodo de mulheres oriundas da Namíbia é encarado como uma estratégia de sobrevivência de mulheres jovens, que atravessam a fronteira ilegalmente para fugir à alta taxa de desemprego no seu país de origem e vão à procura dos dólares que circulam em Angola, principalmente depois da cidade fronteiriça de Oshikango ter deixado de ser atrativa para a prática da 'mais velha profissão do mundo'.
"Elas estão a entrar em Angola em camiões que transportam bens, mas também há homens conhecidos que decidiram usar isto como uma oportunidade para fazer dinheiro para introduzir estas senhoras em Angola, onde conhecem homens por um preço", disse uma fonte não identificada citada pela Bloomberg.
O porta-voz da polícia da Namíbia, Edwin Kanguatjivi, disse que as autoridades estão ao corrente da situação, mas não conseguiu quantificar o número de prostitutas da Namíbia que tenham ido para Angola, explicando que muitas prostitutas preferem trabalhar noutro país que não o seu, principalmente dentro da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) e sublinhando que acha que "a moeda usada em Angola é um incentivo adicional para elas estarem lá".
O percurso, no entanto, não termina na fuga ao desemprego e no encontro com os dólares. Muitas começam no sul de Angola e vão subindo o território, passando por Ondjiva, Lubango e terminando em Luanda, onde muitas vezes também acaba a sua vida.
"Muitas destas miúdas passam a vida a sofrer, e muitas morrem, porque contraem doenças como a Sida e não conseguem ter acesso a medicamentos nas instituições de saúde angolanas, e depois ninguém reclama os seus corpos, ou porque os familiares não sabem que elas estão mortas, ou porque pura e simplesmente não têm dinheiro para organizar o regresso à Namíbia", disse outra fonte citada pela Bloomberg.
Lusa / NJ