Sob anonimato, com medo de represália, os mais de 200 efectivos pertencentes aos quadros do comando geral da PN asseguram que estão desde 2022 seleccionados para frequentarem o curso de polícia, com guias emitidas. Os visados são maioritariamente do Colégio de Polícia comandante José Alfredo "Ekuikui" e da Direcção de Administração e Serviço (DAS).

Segundo contaram ao Novo Jornal, no ano de 2022 todos eles já frequentavam o curso de polícia, mas por causa do processo eleitoral em vigor naquela época, foram todos mandados de volta para as suas direcções, à espera de novas ordens.

Segundo estes funcionários civis dos quadros II da Polícia Nacional, todos tinham já frequentado mais de 40 dias de curso quando este foi suspenso. Contam ainda que no mês de Julho do ano passado foram chamados para a inspecção médica.

"Apenas chamaram todos os efectivos do quadro II do comando geral que ganham salário pelas patentes", contou um dos elementos nesta condição.

Naquele mês, prosseguiram, "todos fizeram a inspecção médica com o propósito de frequentarem o curso nacional de transição do quadro II para os quadros da Polícia Nacional.

Segundo os visados, o curso que arrancou em Novembro seria apenas para os efectivos do quadro II e não para as pessoas civis provenientes de casa e sem estarem enquadradas na PN.

Em Setembro, saíram as listas para o curso que havia sido suspenso e muito dos nomes (mais de 200) foram afastados pela direcção de pessoal e quadro, sem qualquer explicação, denunciam.

Contam que após terem feito várias reclamações nas suas direções, que os tranquilizava, foram surpreendidos, já em Novembro, no arranque do curso na Escola Prática de Polícia, com a ausência dos seus nomes da lista.

O Novo Jornal soube que o curso arrancou e vários efectivos do quadro II frequentam neste momento o curso, estando uns na Polícia Fiscal, na Ilha de Luanda, outros na Escola de Polícia do Kikuxi, e os restantes na Escola do Kwanza-Sul.

Segundo os visados, tomaram conhecimento do início das aulas por intermédio dos demais colegas que frequentam o curso, que lhes disseram que muitos instruendos "são pessoas que vieram de casa, sem guia de marcha, uma prática não permitida na polícia".

Ao Novo Jornal denunciaram que os seus lugares foram preenchidos por pessoas que não pertencem aos quadros do Ministério do Interior (MININT) nem do comando geral e que essas pessoas nem sequer são assalariadas.

Os funcionários civis dos quadros II da Polícia Nacional asseguram que estão sem saber se frequentarão ou não o próximo curso de polícia, visto que o comando geral pretende acabar com o quadro de funcionários civis, o que faz com que temam uma possível desvinculação das fileiras do MININT.

Os visados asseguram que querem um esclarecimento real da situação por parte do comando geral ou do MININT, visto que na Escola Prática de Polícia lhes está a ser "barrado" o acesso.

Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou a Direcção de Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional (DCII/PN), para esclarecimentos, sendo informado que os denunciantes foram esclarecidos sobre a possibilidade de concorrerem no próximo curso da Polícia.

"Todos os externos da polícia gozam de preferência em caso de concurso público de admissão. Os externos foram informados da possibilidade de concorrerem no próximo curso", explicou Mateus Rodrigues, porta-voz da Polícia Nacional.