"Convidámos para este projecto de venda centralizada todas as referências que os distribuidores nacionais já tinham em Angola, e no princípio do próximo ano vamos convidar os produtores que não têm representação em Angola, mas que podem usar a nossa infra-estrutura para enviar as suas referências para Portugal, a partir do nosso centro em Nelas", explicou à Lusa o mentor do projecto que junta mais de 20 empresas nacionais.
Casimiro Gomes conta que a ideia de convidar os produtores nacionais que já exportam para Angola a juntarem os seus produtos de vinho do Porto num só sítio, uma espécie de 'embaixada' do produto, surgiu pela experiência no mercado angolano.
"Estamos há quatro anos e meio em Angola e o que mais nos impressiona é o os angolanos não apreciarem o Vinho do Porto, e verificámos que é por falta de informação, e daí surge a necessidade de ir ao encontro de um potencial grande mercado, e fazer o caminho longo que é divulgar o Vinho do Porto neste mercado", acrescenta o gestor da Viniportugal, criada em 2009 e que junta 20 produtoras de vinho em Portugal, incluindo uma apenas de vinho do Porto, a Casa Andersen.
"Nós oferecemos o espaço [de 240 metros quadrados, metade dos quais na loja aberta ao público e onde se podem fazer provas de vinho ou jantares de empresa, por exemplo], as provas de vinho e as acções promocionais, e eles não pagam nada. O objectivo não é diluir os nossos custos, fizemos isto para que estivessem presentes e, como costumo dizer, usassem e abusassem do espaço como se fosse a casa deles", afirma o gestor.
Questionado sobre o custo desta operação de lançamento da nova loja do Vinho do Porto, Casimiro Gomes diz que foram várias dezenas de milhares de dólares, mas não apresenta o valor exacto, preferindo explicar que "enquanto gestor, costumo dizer que podia ser ministro das Obras Públicas, porque nunca derrapo mais de 10% do orçamento, mas neste caso, o panorama foi diferente, porque qualquer coisa que precisássemos, seja decoração, seja caves de vinho, seja mesas e cadeiras, tínhamos de comprar na Europa para manter o nível de qualidade que a classe média-alta e alta, que viaja pelo mundo, conhece".
Estando em Portugal, contrapõe, "a questão resolvia-se com um email e a encomenda chegava 48 horas depois, mas aqui não, razão pela qual qualquer empresa de construção tem um orçamento dez vezes superior ao que teria se a obra fosse em Portugal".
Em Portugal, a empresa criada em 2009 registou uma facturação de cinco milhões de euros em 2012, e prevê crescer mais 20% este ano, para seis milhões, estando inclusivamente a contratar: "Devemos ser das poucas em Portugal a contratar em termos de crise, mas beneficiamos de alguns concorrentes estarem a despedir, e portanto podemos contratar pessoas sem ter de, como se diz no futebol, pagar o passe do jogador".
"Mais do que um empreendimento da Lusovini, queremos que este espaço de formação e de venda, que fica situado na zona da Talatona/Camama, no sul de Luanda, seja um projecto completamente empenhado na divulgação do Vinho do Porto no mercado angolano", conclui Casimiro Gomes.
O mercado angolano representa mais de 40% dos vinhos portugueses exportados, quota que vale 78 milhões de euros, disse em Julho à Lusa em Luanda Filipa Anunciação, gestora da Vinhos de Portugal em Angola.
"Angola é, sem dúvida, o principal mercado para os vinhos portugueses em termos de exportação, com mais de 40%", disse Filipa Anunciação, que falava à margem da 5ª Prova Anual da vitivinicultura portuguesa em Angola.
No evento participaram 80 produtores que apresentaram mais de 400 vinhos, produzidos e certificados de todas as regiões demarcadas de Portugal.
"Angola compra mais de 40% do vinho exportado, que corresponde a 680 mil hectolitros em 2012 e a 78 milhões de euros em termos de valor", salientou Filipa Anunciação.
Lusa / Novo Jornal