A Tripanossomíase Humana Africana, vulgarmente conhecida como doença do sono, é transmitida pela picada da mosca tsé-tsé e tem uma elevada taxa de mortalidade nos infectados com o parasita Trypanosoma brucei, sendo em Angola predominante a subespécie T. brucei gambiense, que assume frequentemente forma crónica.

A campanha que hoje arranca vai ter equipas móveis nas províncias situadas no mapa de ocorrência da doença, estando a prioridade de acção, como explicou o director-geral do Instituto de Combate e Controlo das Tripanossomíases (ICCT), Josenando Teófilo, centrada nas áreas onde foram detectados casos nos últimos três anos.

A Quiminha é uma área onde as equipas vão estar em maior número porque é uma zona onde a mosca tsé-tsé abunda e se crê que existam mais pessoas infectadas.

Para esta campanha de rastreio da Tripanossomíase Humana Africana, o ICCT optou por disponibilizar meios às 14 equipas enviadas para o terreno que lhes permite proceder a análises serológicas no local, cadastrando e encaminhando para tratamento as pessoas em que na doença seja detectada.

Outra das prioridades das equipas é desenhar um mapa onde a mosca transmissora da doença exista por forma a definir um programa de combate à tsé-tsé, que, normalmente, passa pela colocação de armadilhas que atraem e capturam os insectos.

Esta campanha foi pensada para obter dados mais próximas da realidade da doença no país, visto que, em 2006, foram apenas detectados 19 casos nos centros de diagnóstico e tratamento, número que está longe de corresponder à realidade da doença em Angola.

Um dos problemas desta doença é que é negligenciada a ponto de haver pouca investigação e investimento no seu combate por se tratar de um parasita que apenas ocorre em regiões pobres, especialmente no continente africano.

Por via desse "esquecimento", os medicamentos mais utilizados no tratamento, como a pentamidina, para o caso do parasita prevalecente em Angola, tem assistido a uma rápida quebra da eficácia devido à crescente resistência do agente infeccioso.

Muitas vezes apenas um outro químico altamente tóxico, o melarsoprol, surge como solução, embora este seja causador da morte de 10 por cento dos doentes em que é aplicado.

Por se tratar de um insecto que actua durante o dia, dormir com redes mosquiteiras não resolve totalmente o problema, sendo a utilização de roupa em todo o corpo e repelentes de insectos a profilaxia mais aconselhada.

Os sintomas mais comuns desta doença são a confusão mental do doente, ansiedade, febre, fraqueza e convulsões, podendo, por vezes, ser confundidos com os do paludismo.