Fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) contou ao Novo Jornal que ontem, quinta-feira, foi ouvido o ex-PCA da Sonangol, Francisco de Lemos, e esta sexta-feira serão ouvidos outros intervenientes ligados à petrolífera, entre os quais antigos e actuais administradores, no âmbito da instrução processual.

De acordo com a fonte, o Ministério Público (MP) goza de prerrogativa de convocar para audição todas as pessoas que julgar fundamentais para a descoberta da verdade.

Além do antigo presidente do conselho de administração da Sonangol, Francisco de Lemos, foram ouvidos também os altos funcionários José Luís e Julião Barber.

Hoje, segundo a fonte, estarão a ser ouvidos Manuel Moreira, Domingos Ambrósio, Filipe Faria, Rosário Jacinto e Ana Celeste Weba dos Santos.

Na próxima terça-feira,06, a Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal da PGR vai interrogar António Orfão e David Jasse.

"Ainda serão ouvidas outras individualidades neste processo que envolve o ex-gestor da seguradora AAA, a seu tempo a PGR dará a conhecer. Mas a verdade é que o processo corre sob segredo de justiça", disse a fonte.

Recorde-se que o antigo presidente da seguradora AAA e actual gestor da AAA Activos foi constituído arguido e sujeito a prisão preventiva como medida de coacção no dia 22, depois de ter sido ouvido pela segunda vez na PGR.

A detenção surgiu depois de ter visto apreendidos bens e congeladas as suas contas, em Angola e na Suíça, e depois de apreendidos os edifícios da ex-seguradora AAA, e da rede de hotéis IKA e IU, tendo ainda sido recuperados 49% das participações sociais da accionista AAA Activos Lda.

Segundo o despacho do Ministério Público da Suíça, foram sete as contas congeladas do ex-presidente da seguradora angolana AAA Seguros, Carlos Manuel de São Vicente, mas apenas uma, com 900 milhões USD foi mantida nessa condição.

Carlos de São Vicente é marido de Irene Alexandra da Silva Neto, antiga deputada e filha do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto que também viu as suas contas congeladas em Angola, bem como alguns bens apreendidos devido a este processo.

As autoridades suíças alegam que entre 2012 e 2019 o empresário transferiu quase 900 milhões de dólares da companhia de seguros para as suas contas, algo que só foi descoberto quando o banco SYZ alertou para uma transferência de 213 milhões de dólares.