A falta de inscrição obrigatória dos trabalhadores na Segurança Social, o excesso de horas de trabalho, a não concessão de férias aos trabalhadores, a não vinculação das empresas no sistema de protecção social obrigatório, a falta de pagamento à Segurança Social, de serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho, assédio moral no local de trabalho, são várias das falhas postas a nu pela equipa multissectorial, segundo a Inspecção Geral do Trabalho.

Nesta primeira fase, 65 empresas foram temporariamente suspensas, por colocarem em risco "a vida, a saúde e integridade física dos trabalhadores, essencialmente os sectores da indústria extractiva e transformadora, com maior relevo nas províncias de Luanda, Benguela, Huíla, Malanje, Lunda Norte, Uíje e Cunene.

O inspector-geral da IGT sublinhou que mais de mil empresas foram visitadas, maioritariamente do sector do comércio (61%), abrangendo um total de 32.566 trabalhadores, dos quais 1003 expatriados.

Durante a operação, as autoridades detectaram que cidadãos estrangeiros estavam em funções sem vistos de trabalho, havendo também o registo de detenções por desobediência às autoridades, com destaque para um cidadão vietnamita que removeu a fita de suspensão do seu estabelecimento.

Foram igualmente detidos cidadãos por falsificação de facturas, por falsa declaração de rendimentos, por aluguer de alvarás comerciais e por posse ilegal de armas de fogo, tendo as autoridades apreendido três armas de fogo do tipo AKM.

No âmbito da operação, foram inquiridos mais de 22.640 trabalhadores, dos quais mais de 80 por cento trabalham em Luanda, provenientes das províncias da Huíla, Bié e Huambo, e os restantes 20 por cento laboram em Benguela, deslocados igualmente da Huíla e Bié.

O relatório com os resultados da operação assinala que os trabalhadores auscultados alegaram que foram retirados do interior das suas províncias de origem por cidadãos estrangeiros, seus empregadores, para trabalharem em outras regiões do País, "sem o mínimo de descanso da actividade laboral, submetidos a condições precárias de acomodação e má qualidade de alimentação, excesso de carga horária, sem direito a férias e com um ordenado inferior ao salário mínimo nacional".