O "Assalto final à febre-amarela" vai ter como ponto de partida o Kilamba Kiaxi e, durante cinco dias mais de 400 mil pessoas estarão vacinadas, permitindo desta forma interromper o caminho do vírus que, só em Angola já provocou, desde Novembro passado, a morte a mais de 350 pessoas, 211 das quais em Luanda, o principal foco da doença.

Na próxima sexta-feira, com a presença do Ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, e do Governador Provincial de Luanda, Higino Carneiro, terá início esta nova tentativa de debelar a epidemia, como o nome da iniciativa, "Assalto final à febre-amarela", promete, apostando nos bairros periféricos, onde estão parte dos cidadãos que não foram vacinados nas campanhas anteriores..

Rosa Bessa, directora do Gabinete provincial da saúde de Luanda, citada pela Angop, disse que o objectivo é que todos os habitantes de Luanda estejam vacinados, garantindo dessa forma a extinção da epidemia na capital angolana. Cerca de 230 equipas vão estar na rua de 15 a 19 de Julho para esse efeito.

Apesar de os números oficiais indicarem que mais de 90 por cento da população já foi imunizada, o surgimento de novos casos com relativa frequência, embora longe dos meses de maior sufoco, por coisa da coincidência das chuvas com um inusitado acumular de lixo nas ruas de Luanda, mantém as autoridades sanitárias em sobressalto.

De Kinshasa a Luanda, a mesma luta

Entretanto, esta nova campanha em Luanda coincide temporalmente com uma outra, que envolve igualmente o Estado angolano, pensada pela OMS, em colaboração com os governos de Angola e da República Democrática do Congo (RDC), para abranger Kinshasa e Luanda e ainda as regiões de fronteira.

Mais de 15 milhões de pessoas vão ser vacinadas contra a febre-amarela na RDC e Angola, sendo esta campanha de vacinação de grande escala considerado pela OMS a continuação dos esforços que estão em curso em ambos os lados da fronteira pelos respectivos governos e organizações internacionais.

A campanha de vacinação foi pensada, ainda de acordo com a OMS, para coincidir com a época do fim das chuvas e o tempo de reprodução do mosquito Aedes Aegypti, responsável pela maior parte das contaminações, sendo os meses de Julho e Agosto considerado o calendário mais acertado para interromper o ciclo de transmissão do vírus.

A RDC, onde se centram agora as atenções, depois de a epidemia ter provocado mais de 350 vítimas mortais e quase quatro mil infecções em Angola, vai absorver o grosso dos 15 milhões de doses previstas para cumprir este plano de irradicação da doença nos dois países vizinhos.

Assim, Kinshasa, a capital da RDC, onde a OMS está a apostar como o foco principal da iniciativa, vai receber, depois de terminados os acertos entre os dois países que visam potenciar os efeitos desta ferramenta para travar a epidemia, cerca de oito milhões de doses.

Ao longo da fronteira, mas do lado congolês, serão aplicadas três milhões de doses da vacina e, do lado angolano, país que a OMS reconhece estar a desenvolver progressos no combate à epidemia, serão disponibilizadas 1,3 milhões e ainda três milhões nas áreas mais distantes da fronteira.

A Organização Mundial de Saúde elogiou o papel do Brasil pelo contributo que deu para tornar possível a iniciativa, com a disponibilização de 2, 5 milhões de doses da vacina para a febre-amarela, ao mesmo tempo que alerta para a necessidade de recolher material médico distinto, como seringas, e lançava um apelo para a doação de 20 milhões de dólares, exigidos para cobrir os custos da operação, orçados em 34 milhões.