A petrolífera angolana, Sonangol, previa dar resposta à falta de combustível em Benguela já nesta quarta-feira, no pior dos cenários, mas a tendência, como constatou o NJ numa ronda efectuada esta manhã, é de agravamento da situação, com filas de motorizadas e viaturas que marcam posições em bombas de abastecimento mesmo sem garantias.
Muitos utentes, na Ganda, interior da província, acorrem ao Tchinjenje, no Huambo, por sinal uma província abastecida por Benguela, também a braços com dificuldades, conforme as informações disponíveis.
Paragens de táxi abarrotadas, numa demonstração de que muitos homens dos azuis e brancos estão de mãos atadas, e mototaxistas em casa, com prejuízos para milhares de utentes, representam a fotografia captada pelo Novo Jornal em várias artérias da cidade de Benguela.
"Não adianta ter o tal cartão de subvenção, não está a servir para nada porque são já duas semanas, quase três", conta, enquanto aguarda por gasolina nas bombas do Kalunga, cidade das Acácias Rubras, o motoqueiro João Cipriano.
Ele e alguns colegas, todos à espera de gasolina e informações numa longa fila, dizem que "não está a dar para trabalhar".
Em poucas bombas, numa espécie de "menos mal", quando falta a gasolina, está presente o gasóleo e vice-versa.
O automobilista João Damião, que fala em "vergonha" num País produtor de petróleo, afirma que esta foi a realidade nos últimos dias.
No mercado paralelo, se falarmos do interior da província, o litro de gasóleo chega a custar 1000 Kwanzas, menos 200 Kwanzas em relação à gasolina.
No litoral, em cidades como Benguela, Catumbela e Baía Farta, a viagem de táxi, num percurso de trinta quilómetros, duplicou, chegando aos 500 Kwanzas, justamente o preço, no paralelo, do litro destes dois derivados do petróleo.
"Nós, os moto-taxistas, também subimos, mesmo com as reclamações das pessoas, o combustível está raro", justifica o jovem Cipriano.
Em declarações à Rádio Benguela, nesta terça-feira, a directora regional da Sonangol, Maria do Carmo, disse, à semelhança do que tinha explicado há duas semanas, no mesmo canal, que algumas questões operacionais deram lugar a atrasos na distribuição.
"O navio já se encontra no nosso terminal oceânico [Lobito] a fazer a respectiva descarga", assegurou a gestora, antes de ter apelado à calma, uma vez que "já temos o produto".
Maria do Carmo lembrou que o produto é importado e que Benguela recebe de Luanda via cabotagem, num processo dinâmico e susceptível a contrariedades.
"O problema é nacional, tudo está a ser feito para que não volte a acontecer", vincou.
De Benguela, província que aguarda por uma refinaria - que deverá ser a maior do País - há quase 20 anos, dependem o Huambo, Bié e Kuando Kubango.