Dos três voos agendados entre Cuba e Angola para o transporte de angolanos que se encontram naquela ilha das Caraíbas, todos foram cancelados sem qualquer justificação, soube o Novo Jornal.

"Até ao momento já tivemos programados três voos, que são os dos dias 28 de Agosto, 04 e 11 de Setembro. Infelizmente todos foram cancelados sem remarcação de datas e os motivos dos cancelamentos não nos conseguem explicar", contou ao Novo Jornal um dos estudantes angolanos em Cuba que pediu anonimato.

Segundo os visados, todos os recém-formados estão agora preocupados com a situação, fruto da ansiedade de saírem de Cuba.

O Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) já alertou que não há condições financeiras para manter os bolseiros licenciados em terras cubanas, como noticiou o Novo Jornal no dia 08 de Agosto último.

Sem saberem quando será a partida, os recém-formados dizem que tentam manter a calma, mas tudo se torna muito complicado porque o local onde estão a fazer a quarentena institucional apresenta muitos problemas no que concerne à biossegurança.

"O principal constrangimento tem sido a falta de informação por parte do Sector de Apoio aos Estudantes (SAE) em Cuba, que não nos diz nada, excepto que os voos foram cancelados", descrevem.

Entretanto, os bolseiros licenciados dizem que reconhecem os esforços do INAGBE, em Angola, para a retirada dos formados em Cuba, mas lamentam a falta de informação dos constantes cancelamentos dos voos e o silêncio do SAE.

"O INAGBE, para nos submeter ao teste PCR, mobilizar autocarros para nos retirar de um ponto para o outro, tem custos. O que nos preocupa é mesmo o silêncio do SAE da Embaixada de Angola em Cuba perante os adiamentos dos voos que não têm agora novas datas", contam os recém-formados, acrescentando que "o SAE apenas se responsabiliza em deixar notas do cancelamento dos voos".

Ao Novo Jornal, os bolseiros licenciados confidenciaram que há dois grupos de recém-formados escalados para regressaram ao País, sendo que um estava, até segunda-feira, hospedado em hotéis e outro continua nas residências de estudantes, mas já todos foram submetidos aos testes rápidos da Covid-19.

O primeiro grupo, soube hoje o Novo Jornal, acabou por ser enviado de novo para as antigas residências estudantis. A ordem foi dada pelo sector de apoio aos estudantes da embaixada de Angola em Havana, sem quaisquer justificações.

O problema é que uma boa parte destes estudantes, que tinham ido para o hotel parar preparar o regresso a Luanda, deram ou venderam as suas coisas, como televisões, fogões, lençóis...

Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou o responsável do SAE em Cuba, Eugénio dos Santos Novais, que apenas adiantou desconhecer os motivos dos constantes adiamentos dos voos humanitários.

Já Carlos Vicente, porta-voz e director do Gabinete de Comunicação da TAAG, contactado pelo Novo Jornal, garantiu esclarecimentos oportunamente.