Segundo o Serviço de Investigação Criminal (SIC) fazem parte deste esquema dez pessoas com idades compreendidas entre os 29 aos 38 anos, dos quais dois são cidadãos nacionais (capitão do navio e agente), sete nigerianos e um serra-leonês.

O SIC explica também que homens falsificaram alguns documentos, para confirmar que a embarcação, registada no Togo, foi comprada de maneira legal a Sonangol Shipping.

O furto de navios de transporte de combustíveis em África tem uma longa tradição e o seu epicentro é a Nigéria, onde, ao longo da Costa do Delta do Níger, por exemplo, actual grupos armados especializados neste tipo de actividade, aproveitando as dezenas de plataformas de extracção de crude existentes no seu offshore.

As autoridades não avançam dados sobre a carga do navio, se estava com combustíveis a bordo ou com os depósitos secos, mas o registo usual neste tipo de furtos é que os indivíduos se foquem mais na carga que no navio, porque este é mais difícil de fazer "diluir" no mercado internacional de contrabando de combustíveis.

E em Angola, este tipo de desvio de combustíveis a partir de embarcações não é novo.

Por exemplo, em 2014, o navio Kerala, fretado pela Sonangol, foi fruto de um elaborado esquema de desvio de milhares de toneladas de gasóleo, com o então comandante da Marinha de Guerra, Alfredo Augusto, a justificar o acto com um esquema organizado pela tripulação e uma segunda embarcação operada por cidadãos da Nigéria.

Esta explicação não coincidia com a do armador, que explicou o sucedido com um acto de pirataria em alto mar com o objectivo de roubar a carga.

O proprietário disse Segunda-feira que o navio foi efectivamente sequestrado por piratas, acrescentando que autoridades internacionais e agências de informação experientes em incidentes de pirataria vão subir a bordo do navio para "recolher informações e provas forenses" de que houve realmente um acto de pirataria ao largo de Angola.

Na altura, a petrolífera angolana explicou que o Kerala tinha sido fratado para transportar 60 toneladas de gasóleo e estava ancorado a 12 milhas da costa, a aguardar autorização para atracar no porto de Luanda, quando foi alvo deste incidente.

Este navio-tanque foi construído em 1995 e navega sob bandeira do Togo, com uma capacidade de 6512 t DWT, com 109 metros de comprimento.