"A UGP, desde a sua existência, sempre teve banda de música militar, desde o tempo das FAPLA, e a estrutura militarizada orgânica existe. O ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general "Kopelipa" conseguiu contactos de músicos profissionais, não digo nomes porque não compete a mim, dizer, e criou a banda de música, a que pertencia o major Lussaty, com civis com a intenção de formar os músicos militares nesta tarefa", disse aos juízes o responsável.

Segundo o coronel Henrique Chilembo Alfredo, a banda de música de funcionários civis da UGP substituiu a banda de música militar da Unidade de Guarda Presidencial e do Exército que constantemente participava nas actividades presidenciais.

"Os funcionários civis da banda de música da UGP tinham o horário da função pública, entravam às 07:30 e saiam às 15:00 e eram pagos os seus salários", explicou.

Ao tribunal, o antigo chefe da Repartição Fiscal de Pessoal e Quadro da UGP disse que a banda de música de funcionários civis deixou de existir logo que o novo Governo, liderado pelo Presidente João Lourenço tomou posso em 2017, deixando no ar uma enorme estranheza pela troca de militares por civis na banda de música.

Perguntado quem fazia o controlo da efectividade dos funcionários civis da banda de música, respondeu ser a secretaria-geral da Casa de Segurança do Presidente da República e não a UGP.

Questionado como eram processados os pagamentos de salários, o coronel, que responde no processo em liberdade, disse não saber.

"Não sei, não conheço as pessoas, nem os seus perfis e muito menos os números de pessoal que existiam. Na verdade não passou por mim", contou o coronel, assegurando que não tinha ele o controle dos funcionários civis.

Questionado se terá recebido dinheiro do esquema fraudulento da UGP, nas mãos de Pedro Lussaty e de outros arguidos, como diz acusação, o coronel disse que não e que nem era amigo do major "milionário".

Perguntado se Pedro Lussaty era o financeiro da banda de música da UGP, responsável da Repartição Fiscal de Pessoal e Quadro da unidade disse que não.

Interrogado se tinha alguma ligação com o batalhão de transportes rodoviário do Kuando Kubango, respondeu que não tinha.

Instado a responder se também inseria funcionários nas folhas de salários da UGP, o coronel Henrique Chilembo Alfredo negou.

O julgamento do mediático "caso Lussaty" prossegue esta semana com audição e interrogatório de outros arguidos arrolados no processo. Até agora, o Tribunal de Comarca de Luanda já ouviu mais de 20 arguidos.