Em tribunal o coronel disse que os generais lhe davam instruções directas para a entrega dos milhões de kwanzas em malas todos os meses e que era ele próprio quem fazia a entrega das malas aos generais António Mateus Júnior de Carvalho "Dylangue" e Eusébio de Brito Teixeira. Garantiu igualmente que o então ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do PR, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", tinha conhecimento da situação.
Manuel Correia salientou que tem a sua vida em risco por contar a verdade em tribunal e questionou o porquê de os seguranças dos generais, que eram os operativos de serviço, não estarem arrolados no processo como testemunhas ou declarantes e a razão do seu desaparecimento, não obtendo qualquer resposta.
O antigo responsável da UGP no Kuando Kubango, contou que tão logo o novo ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do PR, general Pedro Sebastião, ordenou, em 2018, que todos os efectivos da unidade da Casa de Segurança fossem bancarizados, os generais "Dylangue" e Eusébio de Brito Teixeira lhe ordenaram que enquadrasse o pessoal nas folhas de pagamento para o preenchimento de lugares inexistentes.
"Eles são três generais poderosos, tenho muito respeito por eles, mas estão a mentir aqui no tribunal, que é o sítio onde temos de falar a verdade, que recebiam dinheiros em mão. Eu apenas sou coronel e estou sozinho nisto. Não tenho porque acusar os meus chefes, mas eles sabem que digo a verdade. Só Deus é que sabe", disse Manuel Correia.
Em acareação com o general "Dylangue", tal como aconteceu com o general Eusébio de Brito Teixeira, o coronel disse de viva voz que entregava malas de dinheiro todos os meses, proveniente do esquema do batalhão do Kuando Kubango a estes generais.
General "Dylangue" nega a existência de batalhões "fantasma"
Em tribunal, o antigo coordenador geral da Unidade Especial de Desminagem da Casa de Segurança do Presidente da República, tenente-general Mateus Júnior de Carvalho "Dylangue", disse que nunca houve na Casa de Segurança do PR batalhões "fantasma", como refere a acusação do Ministério Público, e que o 6.° e o 8.° batalhões existem e que estão na região do Bié e do Kwanza Sul.
"Eu coordenei estas brigadas e elas existem! Conheço os seus comandantes inclusive", afirmou o tenente-general em tribunal.
Mateus Júnior de Carvalho "Dylangue" assegurou, por outro lado, nunca ter tomado conhecimento que sobrava dinheiro dos pagamentos dos efectivos dos batalhões de transportes rodoviários no Kuando Kubango.
Negou também ter conhecimento de que havia inserção indevida de efectivos na Casa de Segurança do PR.
Ao tribunal, o antigo coordenador geral do Unidade Especial de Desminagem da Casa de Segurança do Presidente da República disse que foi feita apenas em 2018 a inserção de forma directa de 102 efectivos na Casa de Segurança através das brigadas de desminagem e negou serem mais de 140, como afirma a acusação do Ministério Público.
O tenente-general Mateus Júnior de Carvalho "Dylangue" disse ainda ter poucas informações do Batalhão de Transporte e Desminagem do Kuando Kabango e refutou a acusação de que neste batalhão sobrava remanescente que depois era distribuído em malas pelo então comandante da unidade, coronel Manuel Correia.
"Nunca recebi dinheiro em malas das mãos do coronel Manuel Correia, como ele afirma", disse.
Afirmação contestada pelo coronel Manuel Correia, que jurou a pés juntos que as entregava e que estava decepcionado pelo facto de os generais estarem a mentir.
Esta quarta-feira,12, o julgamento prossegue com a audição de mais um general. O Novo Jornal sabe que é suposto ser o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa".