O Novo Jornal deslocou-se ao local e conversou com os moradores que se mostram agastados com o estado de abandono das obras, sob o olhar silencioso da administração municipal do Cazenga.

Águas verdes, pneus e lixo ao longo da escavação é o cenário que encontramos naquela via inoperante, cujas obras começaram em Março do ano passado e tinham o seu término previsto para Outubro do mesmo ano, o que não aconteceu.

Os munícipes da zona estão preocupados pelo facto de o empreiteiro ter abandonado a obra há vários meses sem explicação.

Como a escavação é profunda, o que impossibilita a travessia de um lado para o outro, alguns jovens do bairro construíram uma ponte improvisada para ajudar a travessia, mas cobram por passagem 50 kwanzas aos moradores.

Sem alternativa, os moradores são obrigados a pagar a quantia para evitarem andar longas distâncias para atravessar.

Mauro Durão, um dos habitantes da zona, contou ao Novo Jornal que a grande preocupação reside nesta época chuvosa, que torna o perigo mais iminente.

Como Mauro Durão, estão também preocupados os munícipes Luciano António, Fernando Domingos e Manuel Quintas. Asseguram que o alerta foi dado há muito tempo e que, infelizmente, s administração municipal do Cazenga faz "vistas grossas".

Cátia Ramos, também moradora, disse que sempre que chove há deslizamento de terras e assegura haver quintais, muito próximos, que estão em risco de desabar.

"Sempre que chove ficamos com o coração nas mãos porque não sabemos o que fazer. É um risco andar por aqui em época de chuvas. As poucas passagens que temos estão em risco de desabar e isso nos preocupa muito", disse a mulher, acrescentando que "há muitas quedas de pessoas na vala".

Ao Novo Jornal, os munícipes disseram que em 2022 três crianças morreram quando brincavam próximo à escavação.

A última morte acorreu no mês de Novembro, quando um adolescente, de 14 anos, caiu no local e se afogou, quando jogava à bola.

"Na chuva de há duas semanas, dois rapazes caíram no buraco. Mas, graças a Deus, não morreram porque foram salvos por populares", acrescentou Cátia Ramos, profundamente consternada.

As obras, da 7ª Avenida estão previstas no Plano Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM) que o município do Cazenga tem em carteira.

Sobre este assunto, o Novo Jornal tentou ouvir o administrador municipal do Cazenga, Tomás Bica, assim como alguém da sua área técnica, mas sem sucesso.