A revisão das medidas de saúde pública são cada vez mais essenciais para evitar um surto de infecções que possam causar rupturas nos estabelecimentos de saúde, alertou a OMS, que lembrou que uma nova variante do coronavírus, chamada 501Y.V2, circula amplamente na África do Sul, o que explica a maioria das novas infecções na segunda vaga.

As mutações no vírus não são surpreendentes porque, quando mais a pandemia se espalha, mais aumenta a probabilidade de mudanças, segundo a OMS.

No entanto, uma análise preliminar mostra que a variante 501Y.V2 é mais transmissível, e o sequenciamento genómico permitiu encontrar a variante presente no Botswana, na Gâmbia e na Zâmbia, informou.

Outras pesquisas estão em curso para compreender completamente as implicações epidemiológicas, mas, por enquanto, não há nada que aponte para o aumento da gravidade da nova variante deste vírus.

"Mesmo que a nova variante não seja mais virulenta, um vírus que pode se espalhar mais facilmente colocará mais pressão em hospitais e nos profissionais de saúde que, em muitos casos, já estão sobrecarregados", explicou Matshidiso Moeti , director regional da OMS para África.

"Isso lembra-nos que o vírus é implacável, que ainda representa uma ameaça clara e que a nossa guerra está longe de ser ganha", alertou.

A Nigéria efectuou também investigações adicionais sobre uma variante identificada em amostras colhidas em Agosto e Outubro últimos.

Embora actualmente não haja relatos da presença da variante covid-19 a circular no Reino Unido e na região africana, mais pesquisas são necessárias, considerou.

Com o apoio da OMS, os países africanos estão a intensificar esforços de sequenciamento do genoma viral, essenciais para encontrarem e compreenderem novas variantes à medida que forem aparecendo, a fim de ajudar a mitigar o seu impacto.

A OMS e a rede de laboratórios de sequenciação do genoma dos Centros Africanos para o Controlo e Prevenção de Doenças em África apoiam os governos com formações e análises de dados sobre a sequenciação do genoma, a bioinformática e perícia técnica, segundo a mesma fonte.

A OMS também elaborou planos para a contenção das novas variantes, ajudando assim os países a administrarem e transportarem com segurança amostras para sequenciamentos e análises.

Embora um progresso considerável tenha sido feito na construção da capacidade de sequenciamento do genoma, mais de 5.000 sequenciamentos realizados até ao momento na região representam apenas dois por cento dos dados globais.

"Exortamos todos os países a intensificarem os testes e o sequenciamento do vírus para localizarem, acompanharem e lidarem rapidamente com as novas variantes da covid-19, desde o seu aparecimento no planeta.

"Para derrotar um inimigo ágil, adaptável e implacável, devemos conhecer e compreender cada movimento seu e redobrar os nossos esforços para sabermos o que que é mais eficaz contra todas as variantes do vírus", disse Moeti.

Moeti fez estas observações numa conferência de imprensa virtual realizada esta quinta-feira, com a colaboração de Francisca Mutapi, professora de Infecção e Imunidade em Saúde Global da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, e de Chikwe Ihekweazu, director-geral do Centro de Controlo de Doenças da Nigéria.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infectados é de 3.176.784 e o de recuperados nos 55 Estados-membros da organização nas últimas 24 horas foi de 31.127, para um total de 2.594.088 desde o início da pandemia.

A África Austral continua como a região mais afectada, registando 1.473.968 infectados e 38.694 mortes. Só a África do Sul, o país mais atingido pela covid-19 no continente, regista 1.296.806 casos e 35.852 mortos.