Durante esta operação, cujo balanço foi feito em conferência de imprensa pelo porta-voz das Forças Armadas da RDC (FARDC), general Léon-RIchard Kasonga, em Kinshasa, na segunda-feira, pereceram 39 militares e 85 agentes da polícia nacional congolesa.

O oficial, segundo a estação emissora da ONU, Radio Okapi, informou ainda que esta operação militarizada está actualmente a meio e tem como objectivo acabar com a violência que desde Maio de 2016 mantém os Kasai a ferro e fogo, depois de o chefe tradicional Kamwina Nsapu, entretanto morto em combate em Agosto do mesmo ano, se ter sublevado contra o poder central de Kinshasa.

Neste balanço da operação, o general das FARDC sublinhou ainda que cerca de 250 milicianos se renderam as forças de segurança,160 foram capturados e, no conjunto, estão 54 menores.

Num apelo derradeiro para facilitar o caminho para a paz nos Kasai, o general Léon-Richard Kasonga pediu aos milicianos que se encontram nas matas para deporem as armas e regressarem às suas aldeias "porque ainda há tempo para parar com a violência", afirmando que as FARDC só vão dar por terminada esta operação quando o problema estiver totalmente resolvido, sublinhando que os milicianos "não têm condições para se oporem aos militares".

"Se não depuserem as armas, nós iremos até onde eles estiverem, por mais embrenhados que estiverem nas matas, para terminar com esta violência de uma vez por todas", avisou o oficial das FARDC.

No entanto, quando esta operação teve início, em Março, havia a expectativa de que a violência poderia acabar porque o Governo de Kinshasa acatou as principais reivindicações dos milicianos, que eram providenciar a nomeação de um novo líder, tendo sido escolhido um dos filhos de Kamwina Nsapu, que se apressou a pedir o fim da violência, e ainda que o antigo chefe pudesse ter, finalmente, as cerimónias fúnebres segundo os rituais da sua etnia, o que também aconteceu.

A continuação dos combates, depois destas cedências do poder de Kinshasa, ainda não foi totalmente explicada, embora seja admissível tratar-se agora de uma reivindicação meramente de carácter autonomista para a província do Kasai.

Ainda por cima, para além dos confrontos directos entre os milicianos de Nsapu e as FARDC, foi ainda referido que este conflito está a alargar-se para confrontos entre comunidade de diferentes etnias.

Este cenário, como o Novo Jornal online tem referido, inclui confrontos entre as milícias e as comunidades Tchokwe, cujos laços sanguíneos às populações da mesma etnia do lado angolano são fortes, o que pode contribuir para fazer com que a violência alastre para território angolano.

"Por causa deste activismo selvagem, já temos hoje uma situação em que as etnias Lulua e Luba estão praticamente em conflito aberto com os Tchokwe e os Pende, quando estes grupos étnicos sempre viverem em paz e harmonia", notou o oficial das FARDC.

Esta é a razão pela qual tanto a Polícia Nacional com as Forças Armadas Angolanas, através das suas chefias, já anunciaram que foram deslocados contingentes especiais para a fronteira por forma a impedir que grupos armados congoleses procurem prolongar os confrontos para território angolano.

Actualmente há milhares de congoleses a atravessar as fronteiras mas são refugiados que procuram Angola para fugir à violência.

Os centros de acolhimento na Lunda Norte já receberam mais de 20 mil refugiados dos Kasai Central e Oriental, e as agências da ONU, como a Unicef e o ACNUR estão no terreno a apoiar as autoridades angolanas, tendo-se juntado a este esforço os Médicos Sem Fronteiras, que asseguram o apoio na área dos cuidados de saúde.

Mais de metade destes refugiados são mulheres, crianças e idosos e, segundo a ONU, muitos chegam aos centros com queimaduras graves, feridos ou ainda doentes a precisar de cuidados urgentes, para além da fome.

Para acudir a esta situação em permanente agravamento, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados anunciou que precisa urgentemente de 6,5 milhões de dólares para prestar ajuda de emergência aos mais de 20 mil refugiados que se encontram na Lunda Norte em fuga da violência que há quase um ano fustiga aquela região do país vizinho.