Este regresso voluntário de cidadãos da RDC que em 2017, devido aos conflitos tribais que assolaram o Grande Kasai, procuraram abrigo e segurança em Angola, é o primeiro depois de em 2018 e 2019 alguns milhares terem feito o mesmo, regressando ao país vizinho após a situação ter acalmado.

Segundo ACNUR, esta viagem será realizada pela fronteira de Chicolondo, e outros grupos deixarão Angola pela fronteira de Chissanda.

Em seguida, refere ACNUR, os refugiados e familiares seguirão em direcção às províncias de Kasai, Kasai Central, Kwilu, Sankuru, Lomami, Lualaba e Kinshasa.

"Do outro lado da fronteira, vão ser recebidos pelo ACNUR da RDC, em conjunto com as autoridades da RDC e parceiros, que estão a trabalhar para criar condições para a reintegração destes refugiados no país de origem", diz a nota.

"Agora, mais refugiados podem mostrar interesse em regressar. O ACNUR está a acompanhar possíveis novas intenções de retorno", esclarece o documento, que coloca de novo este assunto na ordem do dia depois de dois anos de interrupção nos regressos de refugiados congoleses a casa devido à pandemia da Covid-19.

"O repatriamento voluntário cria as condições para regresso, mas são os próprios refugiados, de forma individual, que decidem se querem voltar ou não ao país de origem", acrescenta.

"O ACNUR trabalha para criar condições apropriadas para garantir que todos os refugiados que escolham retornar o façam de forma bem informada, voluntária, com segurança e dignidade", frisa.

Refira-se que há mais de 9.800 refugiados da crise do Kasai na Lunda Norte e destes cerca de 7.000 vivem no assentamento do Lôvua.

Faziam parte de um grupo inicial de 35 mil pessoas que, em 2017, chegaram à província, a fugir de actos de violência na zona do Kasai na RDC. Uma crise que levou à declaração de uma situação de emergência. (ver notícias com links em baixo, nesta página)

Em 2019, devido à melhoria da situação na RDC, mais de 17.000 destes refugiados regressaram ao país de origem de forma espontânea, com meios próprios.

No entanto, em Fevereiro de 2020, a operação acabou por ser interrompida, primeiro devido às más condições das estradas e da ponte sobre o rio Kasai e, mais tarde, devido à Covid-19 que levou ao encerramento das fronteiras entre os dois países.

A operação conta com a participação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em conjunto com os governos de Angola e da República Democrática do Congo (RDC) e com a colaboração da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e dos parceiros Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP), Igreja Evangélica dos Irmãos em Angola (IEIA), Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) e World Vision.