O MINSA garante que o primeiro ponto do caderno reivindicativo, sobre o reenquadramento do presidente do SNMEA, Adriano Manuel, está ultrapassado e quer que o médico vá trabalhar para a Maternidade Lucrécia Paim ou para o Hospital Américo Boavida, à sua escolha.

Mas o sindicato entende que antes deve ser-lhe retirado o processo disciplinar "aplicado injustamente" no exercício das suas funções no Hospital Pediátrico David Bernardino, há 18 meses.

O processo disciplinar foi movido contra o líder sindical por este denunciar à imprensa a morte de 19 crianças de um total de 24 no banco de urgência do Hospital Pediátrico David Bernardino, onde trabalhava, tendo sido transferido pelo seu director para o departamento dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde, decisão justificada com a necessidade de mobilidade de quadros.

Segundo o sindicato, nenhum ponto do caderno reivindicativo ficou ultrapassado e na proposta do ministério "nota-se uma clara intenção de expulsar o líder sindical da função pública".

"No primeiro ponto eles querem que o presidente do SNMEA vá para uma unidade hospitalar sob responsabilidade directa do ministério. Nós queremos que vá para um hospital autónomo à sua escolha", disse ao Novo Jornal uma fonte do sindicato, assegurando que este ponto tem pendor político.

Adriano Manuel disse a Novo Jornal que nenhuma das opções indicada pelo MINSA á da sua escolha.

"Eu não escolhi a Maternidade Lucrécia Paim ou Hospital Américo Boavida. Escolhi, sim, uma unidade que não tenha interferência directa do ministério tal como têm os hospitais indicados. O mais grave é que o próprio ministério não aceita retirar o injusto processo disciplinar, algo está estranho", referiu.

Conforme o sindicato, os profissionais da saúde exigem apenas melhores salários e subsídios, como recompensa do trabalho que prestam no sector.

"Precisamos de respeito e dignidade, por isso exigimos bons salários e bons subsídios. Perdemos noites e ganhamos um salário de miséria", narram.

O SNMEA assegurou ao Novo Jornal que a greve é de âmbito nacional e está a ser cumprida a 95 por cento em todo o território nacional.

Em declarações à imprensa, na segunda-feira, 06, o secretário de Estado para a área hospitalar, Leonardo Inocêncio, disse que as negociações vão continuar para chegarem a um entendimento.

Leonardo Inocêncio sublinhou que quando se está em negociações não se pode partir para a greve, considerando que esta é uma atitude "contrária ao diálogo".

Segundo o governante, o Executivo tem vindo a melhorar as condições de trabalho e das infra-estruturas, com novos equipamentos, além de aumentar o número de profissional.