Populares oriundos de vários bairros da cidade de Moçâmedes, capital da província do Namibe, têm acorrido às valas de matadouros instaladas no município, a fim de recolherem sangue de animais para alimentação.

Os populares, que falaram ao Novo Jornal, explicaram que o recurso às valas de matadouro da cidade é uma forma de sobrevivência, devido à grave situação alimentar por que passa grande parte da região Sul do País, desde que a estiagem fez por lá morada.

Moradores dos bairros como Aida, Eucaliptos e Forte de Baixo, todos na capital da província do Namibe, são os principais frequentadores das valas onde escorrem sangue e outros detritos saídos dos matadouros.

"Isso aí dá para comer. Fervemos com sal e comemos, por causa da fome. Serve-nos para amanhã, o dia todo", contou, com alguma timidez, o adolescente Jaime, enquanto recolhia sangue para a alimentação da família.

Igualmente morador do bairro Eucaliptos, Segunda, outro adolescente que frequenta as valas de matadouros de Moçâmedes, explicou a razão de frequentar o lugar: "Não temos o que comer e usamos este sangue para não morrer à fome".

Jaime e Segunda contaram à nossa reportagem que ambos são oriundos da província da Huíla e viajaram para o Namibe para fugir da fome.

De acordo com informações recolhidas no local, para além de crianças, adultos e idosos têm recorrido às valas para recolher sangue de animais abatidos nos matadouros.

"Vêm para aqui, igualmente, jovens e mais velhos. Levam o sangue para comer. É muito triste esta situação", lamentam moradores que testemunham o dia-a-dia de famílias que recorrem às referidas valas.

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