"Hoje, a casa vai cair". Uma frase inocente, dita num momento de descontracção e euforia, mas que ecoou como uma profecia macabra, anunciando o naufrágio do "Kianda do Mar", barco artesanal que afundou no passado sábado, 16, na Ilha de Luanda, causando a morte de seis pessoas, duas delas crianças com três e 10 anos.
A embarcação, superlotada e comandada por um "mestre de pesca", identificado apenas por Denilson, mais conhecido por "Denis Struba", de 27 anos, visivelmente embriagado, era um convite ao desastre, como atestam os vídeos que se tornaram virais nas redes sociais.
A música alta, as bebidas alcoólicas e a ausência de colectes salva-vidas misturavam-se com as gargalhadas e as conversas animadas, contrastando com o perigo iminente. Pintavam um cenário identificado pelas autoridades como irresponsável e que culminou no naufrágio.
Ninguém, naquele momento, podia imaginar que aquela expressão popular, usada para se referir a um "boda-rijo", dita em tom de brincadeira, seria o prenúncio da tragédia que estava por vir, naquela tarde ensolarada de procissão marítima em homenagem à Nossa Senhora do Cabo, padroeira dos marinheiros, que prometia momentos de alegria, confraternização e de agradecimento.
Num piscar de olhos, a festa que prometia ser inesquecível transformou-se num pesadelo. O barco tombou, lançando dezenas de pessoas para a água, numa luta desesperada pela sobrevivência. Os gritos de socorro ecoaram pelo mar. Enquanto o Kianda do Mar afundava lentamente, populares e equipas de bombeiros que acompanhavam a procissão conseguiram resgatar 17 pessoas ,quatro delas sem vida.
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