As organizações pediram mais investimentos e acesso aos serviços de saúde mental na região, visto que a Covid-19 expôs ainda mais as desigualdades globais, incluindo os cuidados de saúde mental.

Num comunicado conjunto publicado por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, que se celebrou este domingo, as duas agências da Organização das Nações Unidas (ONU) apontaram que as crianças e os adolescentes estão sempre em risco de sofrer problemas mentais, especialmente os vulneráveis que enfrentam a pobreza, a discriminação e a violência.

Os efeitos das alterações climáticas, as altas taxas de infecção pelo HIV, a gravidez na adolescência e as emergências humanitárias também são ameaças constantes ao bem-estar mental de crianças e adolescentes em África, recordam ambas as agências.

As crianças africanas estão sujeitas a ameaças ainda maiores com o encerramento de escolas, nomeadamente uma maior exposição aos conflitos armados e a falta de oportunidades para brincar e socializar com os amigos, destacando que "a disponibilidade e a qualidade dos serviços de saúde mental para crianças e adolescentes em África são muito deficitários".

Mesmo em países onde há psicólogos e psiquiatras especializados em menores, a média é de apenas um destes profissionais de saúde mental para cada quatro milhões de habitantes.

"O investimento em saúde mental continua extremamente baixo em África, com um gasto público inferior a um dólar 'per capita' [...]. Não podemos permitir que milhões de crianças que precisam de cuidados não os tenham", afirmou a directora da OMS para a África, Matshidiso Moeti.

Segundo o director da UNICEF para a África Oriental e Austral, Mohamed M. Malick Fall, "é urgente abordar a saúde mental das crianças e adolescentes em África".

"Ao longo dos anos, milhões de jovens foram expostos a desafios que seriam muito difíceis de enfrentar para a maioria dos adultos, pois muitas vezes têm que lidar com os impactos psicológicos por si mesmos. Os nossos sistemas ainda lhes estão a falhar", sublinhou Fall.