De acordo com informação prestada pelo governador provincial da Lunda Norte, Ernesto Muangala, há já cerca de dois meses que o número de refugiados congoleses que chegam aos centros de acolhimento de Cacanda e Mussungue é praticamente zero.
O fim da vaga de refugiados na Lunda Norte surge paralelamente à forte diminuição da acção das milícias de um antigo Kamwina Nsapu, chefe tradicional, que se revoltou contra o Estado congolês em Junho de 2016.
Depois de quase um ano a ferro e fogo, os milicianos acabaram por ceder à operação de larga escala das Forças Armadas da RDC (FARDC), iniciadas em Março deste ano, e também às pressões políticas internacionais, nomeadamente a ameaça feita pela ONU de iniciar um inquérito na Justiça internacional para averiguar quem foram os instigadores desta violência, que deixou ais de 1,3 milhões de refugiados e mais de 500 mortos, na maioria civis.
Para isso foi ainda decisivo o facto de terem sido descobertas gravações no computador de uma funcionária da ONU morta no Kasai, alegadamente pelas milícias, onde se percebe que houve políticos que, a partir de Kinshasa, instigaram a violência, aparentemente para que fosse mais difícil realizar as eleições gerais na República Democrática do Congo, que estão marcadas para este ano.
Face a esta alteração no cenário de violência nos Kasai e Kasai Central, o governador da Lunda Norte, Ernesto Muangala, num encontro de carácter religioso que teve lugar no Domingo, explicou que o fim do fluxo de refugiados abre agora uma nova fase que passa por contactos com as autoridades congoleses no sentido de criar condições para o regresso dos mais de 35 mil refugiados que estão na província.
O próprio Ernesto Muangala deve integrar a comitiva angolana que seguirá nos próximos dias para a RDC, onde decorrerão reuniões com as autoridades provinciais dos Kasai, com destaque para a questão do registo eleitoral, essencial para evitar que esta situação permita mais obstáculos à realização das eleições no país vizinho, e o regresso destas pessoas às suas casas.
Outro dos pontos que vai merecer a atenção de Muangala é a reabertura do mercado transfronteiriço, que se realizava todas as quartas-feiras e sábados, e que foi encerrado há cerca de dois meses devido a esta crise de refugiados.
"Queremos que, com a reabertura do referido mercado, as trocas sejam feitas de forma intercalada, um dia reservado para Angola, e vice-versa", afirmou o governador da Lunda Norte, citado pela Angop.