Segundo o MINSA, este plano, cujo desígnio é detectar precocemente a doença, confirmar casos suspeitos, identificar contactos, avaliar e monitorizar a propagação e evolução da epidemia, para além da eficácia das medidas de controlo, já está em execução.

O Ministério da Saúde garante que Angola não registou até ao momento casos da doença causada por um vírus transmitido aos seres humanos, a partir de macacos e roedores, que se manifesta através de febre, dor de cabeça, fadiga, dor muscular, íngua, erupções cutâneas generalizadas (lesões na pele). O período de incubação da doença varia entre cinco a 21 dias.

O Ministério garante estar a acompanhar a evolução da doença nos países vizinhos, recomendando várias medidas preventivas, como lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou desinfectar com álcool gel, não caçar, nem comer a carne de macacos e roedores (ratos, camundongos e esquilos), e evitar a exposição directa com a carne e sangue destes animais. Recomenda também que seja evitado o contacto físico com pessoas que apresentem os sinais ou sintomas da doença.

A restrição abrange os materiais e utensílios usados por pessoas com sinais ou sintomas da doença, entre os quais vestuário, roupas de cama, toalhas, pratos, copos e talheres. Recomenda igualmente o uso de luvas e roupas apropriadas durante o manuseio dos animais, inclusive no procedimento de abate.

O MINSA pede ainda aos cidadãos que, no caso de alguns dos sintomas desta doença, procurem imediatamente a unidade de saúde mais próxima.

Recentemente foi detectada uma mutação genética durante as análises aos pacientes hospitalizados na área de Mwenda, província do Kivu Sul, tendo as autoridades congolesas, em coordenação com a OMS, optando por decretar a situação de emergência nacional.

Citado pela AFP, o responsável pelas investigações, Placide Kingebeni, admitiu que esta detecção de uma mutação genética deixa claro que se está perante uma nova fase da evolução da doença provocada pelo Mpox.

Uma das mudanças confirmadas pelos investigadores é que esta nova versão do vírus provoca lesões na área dos genitais quando a versão conhecida até agora se manifestava especialmente com lesões nas mãos e no peito, o que torna mais difícil a detecção porque muitos dos pacientes tendem a esconder que padecem do problema.

A OMS já fez saber também que este cenário exige uma mudança na estratégia na detecção e rastreio da doença para apurar se se trata de uma nova variante ou a até agora conhecida, e para, sendo isso o mais importante, perceber se a maior taxa de infecção acompanha uma maior letalidade.

A transmissão sexual é a mais frequente, o que cria fortes estigmas sociais, levando as pessoas a optar por esconder que padecem da doença, que só poderá ser efectivamente controlada se os portadores se dirigirem voluntariamente aos centros de saúde criados para o efeito.

Placide Kingebeni alerta para a possibilidade de se estar a viver já uma extensa expansão silenciosa da doença, porque o facto desta estar a ser, há anos, ligada especialmente à comunidade gay e bissexual cria um estigma ainda mais severo.

E o problema é que se na Europa essa condição foi divulgada intensamente, a pesquisa em curso na RDC demonstra que está longe de ser a verdade toda, porque pelo menos um terço dos casos provêm de testes feitas a prostitutas.

Para já não existem indícios de que este problema possa levar a OMS a considerar tratar-se de um problema de saúde global, como, por exemplo, aconteceu com o Ébola ou com a Covid-19, mas existe o risco de alastramento regional, especialmente para os países vizinhos mais próximos.